Título da redação:

Agronegócio - o negócio cujo lucro é unilateral

Tema de redação: O avanço do agronegócio e os reflexos no meio ambiente

Redação enviada em 29/10/2016

O agronegócio no Brasil está enraizado na cultura do país há mais de 500 anos. Isso acontece porque o desenvolvimento político foi bastante influenciado pela aristocracia fundiária. Ou seja, os colonos, donos das terras utilizadas na agricultura e na pecuária no passado, hoje empresários envolvidos no agronegócio, foram e são peças fundamentais no jogo de poder que envolve os governos brasileiros. Por conseguinte, o crescimento econômico no país, direcionado a fim de favorecer o lucro das classes dominantes, como a dos agricultores, norteou-se pela exploração massiva dos recursos naturais. Durante os ciclos do pau-brasil e da cana-de-açúcar, a Mata Atlântica foi desmatada em tal proporção que hoje restam apenas 7% de sua vegetação natural. Posteriormente com o ciclo do ouro, houve a necessidade de expandir a ocupação para o interior, a fim de encontrar áreas para a criação de gado, carne que abastecia a população nas zonas de garimpo, o que contribuiu para a degradação do Cerrado. Já durante os séculos XIX e XX, o ciclo da borracha foi responsável por ampliar a destruição da Floresta Amazônica. Atualmente, a natureza sofre com a expansão da cultura da soja, a qual vem abrindo fronteiras no Centro-Oeste, Nordeste e na Amazônia, ao abrigar a produção de uma das mais importantes “commodities” de exportação. Uma vez que a utilização de áreas pelo agronegócio é feita, na maioria das vezes, de forma despreocupada quanto à consciência ambiental, ocorre, além da perda de vegetação, o comprometimento da fauna e da flora, a contaminação do solo e de cursos hídricos por conta do uso excessivo de agrotóxicos, a degradação física do solo – a qual maximiza processos de erosão –, o esgotamento de mananciais, entre outros. No Brasil, são usados pela agropecuária 267,5 milhões de hectares, segundo o IBGE. Tal cenário é incoerente numa era na qual o desenvolvimento tecnológico impera, tendo em vista que há no mercado técnicas e recursos capazes de ampliar a produtividade numa área mínima. A importância do agronegócio para a economia é inquestionável, porém é importante construir estratégias que contenham uma agenda positiva e sustentável e integrem a expansão da produção com a conservação ambiental e responsabilidade social. No intuito de prevenir o esgotamento dos recursos naturais, o Governo, aliado a Polícia Ambiental e a órgãos de preservação, como o Instituto Nacional do Meio Ambiente, deve fiscalizar com mais rigor as áreas de produção, pondo em prática o que só existe em teoria no Código Florestal, ou seja, delimitando claramente quais áreas estão aptas a serem exploradas, e ainda assim, certificando-se de que se dê de forma sustentável. A mídia é fundamental nesse processo, uma vez que por intermédios de campanhas conscientiza a população quanto ao uso adequado da natureza, além de incentivá-la a denunciar práticas indevidas. Outro ponto importante é o investimento, tanto público quanto privado, em instituições de ensino e tecnológicas, para que desenvolvam mecanismos de descontaminação de rios e solos, replantio de árvores, e reinserção de espécies da fauna nativa. Preservar a natureza é o segredo para a longevidade da espécie humana.