Título da redação:

Agronegócio: desenvolvimento ou continuidade das desigualdades?

Tema de redação: O avanço do agronegócio e os reflexos no meio ambiente

Redação enviada em 30/09/2016

Desde a colonização do Brasil, a agropecuária ocupa um lugar de destaque na economia. Do açúcar dos engenhos do século XVII até as lavouras de soja do século XXI, o modelo exportador sofreu algumas mudanças, mas ainda carrega consigo as desigualdades de um sistema monocultor, repleto de concentração de terras e de descaso com a natureza. Com o surgimento do capitalismo, o meio rural se torna uma agronegócio, com muitos investimentos e tecnologia, os quais não estão ao alcance de todos. As desigualdades no campo se iniciam no processo de sesmarias. Nestas, grandes porções de terra são doadas a poucas pessoas, que concentram em suas mãos o poder de produção. A má divisão da terra perdura até o século XXI, em que o latifúndio agroexportador ainda se sobressai, infinitamente, em relação ao pequeno produtor. O uso de capital e tecnologia – sementes transgênicas, insumos e agrotóxicos – desabilita uma competição comercial justa. A ganância das oligarquias (hoje elites empresariais) impede o desenvolvimento econômico daqueles que também dependem da terra para sobreviver, e, principalmente, prejudica o crescimento sustentável da nação. Visto que as grandes lavouras devem ter uma produtividade acentuada para gerar lucro, o amplo uso de insumos, agrotóxicos e hormônios para acelerar o crescimento das criações, penaliza não só o pequeno produtor, mas também o equilíbrio do meio ambiente. O agronegócio, juntamente com o capitalismo, acentua o desejo de aumentar a produção e seu espaço para incrementar os lucros. O avanço da agropecuária é o responsável pelas maiores taxas de desmatamento, erosão, infertilidade e perdas significativas de solo. Segundo a FAO, o agronegócio foi, em 1990, responsável por 70% dos desflorestamentos na América Latina, e 71% destes foram incentivados pela demanda de pastos. A agricultura e a pecuária são, portanto, atividades importantes para a economia, mas que ainda concentram muitas desigualdades e prejuízos à natureza. A ação do poder legislativo (federal e municipal) é muito importante para a criação de leis que regulamentem o uso sustentável do solo, de modo a controlar o manuseio de insumos, agrotóxicos e hormônios nas criações, como também devem conter o avanço inadequado e injusto das fronteiras agrícolas através da fiscalização policial. Estas devem passar por uma urgente reforma agrária (efetuada pelo governo federal), a qual possibilitará uma maior igualdade no campo.