Título da redação:

Agrofim

Tema de redação: O avanço do agronegócio e os reflexos no meio ambiente

Redação enviada em 25/09/2016

O Brasil é um país de dimensões continentais e tem como principal característica econômica a sua atividade agroexportadora, mostrando a relevância e a atualidades deste tema. Ao analisar o agronegócio brasileiro, encontram-se duas faces opostas: a dos grandes produtores e a do meio ambiente. A situação problema que se instala na discussão desse assunto é o fato de o agronegócio ter como base a exploração desmedida dos recursos naturais, culminando em uma degradação alarmante do meio ambiente. Comprovam este ponto de vista argumentos como o intenso desmatamento e os níveis de poluição. Em um primeiro plano, faz-se necessário analisar uma das faces supramencionadas: a dos grandes produtores. É muito perceptível a relação hierarquizada entre esses empresários e o meio ambiente, uma vez que eles entendem a natureza como uma de suas propriedades e não demonstram preocupação com o desenvolvimento sustentável, realizando suas atividades de forma a atingir unicamente os seus interesses e a maximização de seus lucros. Somando-se a isso, o Brasil é um país que baseia sua pauta de exportações em commodities, ou seja, em produtos primários como a soja, o milho, o algodão, a carne e outros, cujos preços são cotados internacionalmente em bolsas de valores. A principal inadequação desse modelo agroexportador está no fato de ele se estabelecer sobre os latifúndios, que são enormes propriedades privadas formadas por milhares de hectares de terra. E é justamente desse aspecto do latifúndio que advém a mais grave das consequências ambientais provocadas pelo agronegócio: o desmatamento. A atividade agropecuária é responsável por 70% do desmatamento no Brasil, e a derrubada de florestas é feita para ceder cada vez mais espaço a latifúndios de pastoreiro de gado e de gigantes lavouras, que abastecem o mercado externo com a carne e as commodities brasileiras. Em suma, o latifúndio é algo extremamente nocivo para a sustentabilidade do meio ambiente, pois o avanço de suas fronteiras já está colocando em risco biomas naturais exclusivos do Brasil, como o Pantanal, o Cerrado e a Amazônia, regiões que são consideradas berçários de espécies e que guardam uma das maiores biodiversidades do planeta. No que tange ao latifúndio, ainda é possível tecer uma retrospectiva histórica de seu surgimento, pois foi no momento da criação das capitanias hereditárias, em 1530, que os primeiros latifúndios foram delimitados em solo brasileiro e divididos entre alguns nobres. Esse evento deu origem aos primeiros grandes e poderosos latifundiários e a todo o processo de concentração fundiária no Brasil, que não só permaneceu na sociedade brasileira, mesmo após o fim das capitanias, como se enraizou e se intensificou com os grandes coronéis, alimentando um sistema gerador de desigualdades sociais e econômicas, haja vista que os pequenos produtores jamais serão tão competitivos no mercado quanto as gigantes empresas do campo. Este fator competitivo dos latifundiários se baseia na exploração de trabalho escravo, no desassentamento de moradores nativos, na compra das propriedades dos pequenos produtores, no uso de maquinários modernos e de agrotóxicos de forma descontrolada. Este último fator assume o escopo do segundo argumento apresentado, visto que essas substâncias são altamente tóxicas e cancerígenas, e ao serem usadas nas plantações acabam por contaminar não só os alimentos, mas também o solo, os lençóis freáticos e os mananciais próximos, causando problemas de difícil reversão ao ambiente. Com tudo isso, ratifica-se a tese de que a estrutura do agronegócio, fundada no latifúndio, é uma ferramenta devastadora para o meio ambiente, e que, por isso, deve ser replanejada. Para tanto, uma intervenção completa deve conter medidas que abarquem o curto e o longo prazos. O agente de ambas as medidas deve ser o Ministério da Agricultura, que deverá contar com o apoio do Exército e da Embrapa, atribuindo-lhes algumas funções nas diferentes frentes que compõem a intervenção como um todo. A medida de curto prazo deve ser o impedimento do avanço das fronteiras do agronegócio, e isso deve ser feito através da vigilância de todas essas áreas pelo Exército, tanto pela presença dessas tropas nesses locais, quanto pelo controle aéreo com os aviões das Forças Armadas, com o objetivo de impedir novos desmatamentos. Uma outra medida de curto prazo deve eliminar o uso de agrotóxicos, e isso deve ser feito através da imposição de caráter compulsório às empresas produtoras de agrotóxicos, para que modifiquem as substâncias químicas usadas na fabricação de seus produtos, sendo esses submetidos ao controle de qualidade da Embrapa, e ficando suscetíveis ao pagamento de multa aquelas empresas cujos produtos continuarem tóxicos e também os latifundiários que continuarem comprando agrotóxicos de forma irregular. Essa medida tem a finalidade de extinguir a poluição química oriunda do uso desses produtos. Já a medida de longo prazo deve ser o reflorestamento de áreas nativas desmatadas, e isso deve ser feito através da produção de mudas nativas pela Embrapa e o plantio naquele local, com o objetivo de retomar algumas áreas verdes e acelerar o processo de recuperação da natureza. Esse conjunto de medidas possui uma alta viabilidade de corrigir e atenuar gradualmente os principais problemas ambientais causados por um modo de produção que visa o lucro de hoje e não vislumbra a qualidade de vida das próximas gerações.