A segunda geração romântica, também conhecida como “mal do século”, foi marcada pela presença da melancolia e do pessimismo na contestação dos princípios da época. A contemporaneidade, entretanto, pela aceitação dos valores modernos, vive um quadro parecido de transtornos mentais, com os crescentes casos de ansiedade entre os indivíduos. Nesse sentido, fatores de ordem social, bem como educacional, caracterizam o aumento desse distúrbio no Brasil e no mundo. É importante pontuar, de início, a influência do modo de vida contemporâneo nos casos de ansiedade. À guisa do filósofo Zygmunt Bauman, em sua obra “Modernidade Líquida”, o mundo pós-moderno é marcado pela fluidez e pela rapidez das transformações sociais, que acarreta um quadro de medo e incertezas constantes. Nesse contexto, os indivíduos, submetidos a altas cargas de estresse, tendem a desenvolver transtornos de ansiedade pelo ambiente propício em que estão inseridos. Essa realidade é ratificada por pesquisas recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), que concluíram que cerca de 33% da população apresenta esse transtorno, considerado a doença do século por diversos especialistas. Outrossim, tem-se a negligência escolar quanto ao fenômeno da ansiedade no país. Conforme o pensamento de Kant, o ser humano é tudo aquilo que a educação faz dele, sendo fundamental na formação dos indivíduos. As escolas brasileiras, porém, promovem um desenvolvimento falho dos estudantes ao ignorarem temas como os transtornos mentais. Nesse sentido, a escassez de uma abordagem ampla da ansiedade nas salas de aula provoca o desamparo da juventude, que se torna mais vulnerável a essa enfermidade. Assim, segundo o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, cerca de 10% das crianças e adolescentes no Brasil já sofrem desse distúrbio. É notória, portanto, a relevância de fatores sociais e educacionais na problemática supracitada. Nesse viés, cabe ao Ministério da Saúde, em consonância com a mídia, orientar a população acerca dos cuidados com a saúde mental a fim de reduzir os casos de ansiedade no país. A ideia da medida é, a partir de diálogos esclarecedores nos postos de saúde, além de propagandas educativas e telenovelas que abordem o assunto, expor aos brasileiros a influência de um modo de vida conturbado nesse distúrbio e consolidar uma população mais consciente da prevenção e do tratamento da ansiedade. Ademais, cabe às escolas abordar o tema nas salas de aula com o intuito de minimizar os quadros desse transtorno entre os estudantes. Essa intervenção deve contar com palestras e debates com profissionais da área, buscando oferecer suporte aos jovens.