O desenvolvimento do transtorno de ansiedade é um reflexo de fatores sociais que acometem a vida do indivíduo, como passar por situações estressantes, e que acabam repercutindo nas atividades psicológicas desse. Assim, há a preocupação e a expectativa excessiva sobre cenários futuros que podem ou não virem a acontecer, o que gera um comportamento ansioso, podendo evoluir para um quadro patológico. No Brasil, quatro em cada dez brasileiros são afetados pelo problema, segundo o Instituto de Pesquisa e Orientação da Mente (Ipom), mostrando que o problema vem crescendo no país, haja vista que, com o surgimento da globalização e com o avanço tecnológico, a cobrança sobre a produtividade humana aumentou ainda mais, provocando a recorrência dessas doenças consideradas contemporâneas. Em circunstâncias de crise, é comum que os seres humanos planejem formas de não sofrerem os efeitos negativos das adversidades novamente. No entanto, a necessidade de superação das dificuldades por muitos torna-se uma obsessão patólogica, que provoca a ansiedade generalizada. Como exemplo disso, há a Crise de 1929, em que a estagnação financeira estadunidense trouxe complicações econômicas para a maior parte da população mundial, inclusive no Brasil, e muitos cidadãos entraram em desespero, levando até à depressão e ao suicídio de alguns. Atualmente, os efeitos da economia sobre as pessoas ainda são observados e fomentados por um setor produtivo no qual o lucro é prioridade sobre a saúde física e mental dos trabalhadores, o que comprova a falta de humanização das próprias relações humanas. Além do campo da produção trabalhista, há ainda a sensação de solidão enfrentada por muitos na contemporaneidade, pois o contato entre os indivíduos torna-se superficial, visto que a competitividade é acirrada, o que provoca a falta da presença dos laços afetivos e um individualismo crescente. Assim mostra o romance psicológico de Clarice Lispector "A paixão segundo G.H.", que aborda sobre o tema da preocupação e do devaneio excessivos, no qual a protagonista relata os inúmeros questionamentos que a abarcam sobre a própria existência, procurando reconhecer-se como indivíduo participante na sociedade. Com isso, a obra reflete sobre o desenvolvimento da ansiedade a partir de uma crise existencial provocada pelo meio social, no qual os seres humanos são postulados como meros contribuintes e não como integrantes ativos. O filósofo Nietzsche, em sua teoria sobre o Eterno Retorno, acredita que devemos nos recriar diante dos problemas e saber reagir bem a eles. Dessarte, a família do indivíduo que sofre por causa de pensamentos ansiosos deve participar da vida desse membro, incentivando-o, através do diálogo e da compreensão, a solucionar os problemas da melhor maneira possível, para que os laços familiares sejam capazes de despertar a união dos cidadãos, precavendo assim o desenvolvimento de doenças como a ansiedade. Ademais, a mídia deve promover, a partir de propagandas midiáticas e cartazes, campanhas informativas sobre a ansiedade generalizada, para que a população deixe de banalizá-la e, aqueles que apresentam os sintomas desta, procurem apoio psicológico. Outrossim, o Ministério da Saúde deve desenvolver em postos de saúde de todo o país ações preventivas com psicólogos, para que esses atendam à população que demonstra quadros ansiosos ou mesmo depressivos, evitando que situações de desespero como a evidenciada na Grande Crise se repitam.