O autor modernista Mário de Andrade, na obra "Pauliceia Desvairada", apresenta a modernização e a urbanização intensa do estado de São Paulo. Ademais, no século XXI, o modelo capitalista vigente auxilia, em muitos casos, no surgimento da ansiedade. Diante disso, a ansiedade pode se tornar uma patologia, seja pelo individualismo exacerbado ou pelo ritmo frenético da vida contemporânea. Em um primeiro plano, é inegável que o extremo isolamento social ocasiona esse tipo de inquietação. Nesse cenário, o filósofo Zygmunt Bauman afirma que o individualismo e a efemeridade das relações são os impasses da sociedade hodierna. Diante desse raciocínio, verifica-se que o isolamento pode transformar a ansiedade em um transtorno, ao acarretar prejuízos à vida pessoal e profissional do doente. Desse modo, para que o Brasil deixe de ter a maior taxa de ansiedade do mundo, como comprova pesquisas de 2017 da OMS, é imprescindível que os doentes tenham acompanhamentos familiar e médico de maneira adequada a fim de solucionar tal problemática. Além disso, o ritmo frenético da vida moderna, como outrora expôs a vanguarda futurista, colabora com o agravamento desse impasse. Com isso, o psiquiatra Augusto Cury, no livro "Ansiedade- como enfrentar o mal do século", elenca como consequências dessa patologia o pânico, a taquicardia e a depressão. Por conseguinte, esses sintomas são explicados devido à liberação do cortisol, hormônio do estresse, o qual ativa regiões do cérebro e causa problemas de saúde. Nesse sentido, nota-se que, segundo o IPOM, 4 em cada 10 brasileiros sofrem com o transtorno da ansiedade, uma vez que a crescente modernização e as inúmeras preocupações cotidianas auxiliam no aumento do estresse e do individualismo, o que, consequentemente, provocam o surgimento dessas doenças. Fica evidente, pois, que a individualização e a celeridade da vida pós-moderna influenciam o agravamento da ansiedade, a qual, se não tratada, torna-se um distúrbio. Faz-se necessária, portanto, uma ação sociogovernamental, em que o MEC desenvolva centros de discussões nas escolas, por intermédio de palestras e animações cênicas, com o fito de apresentar aos estudantes as principais causas da ansiedade e os meios para evitá-la, e compete aos pais estimularem os filhos a se relacionarem socialmente, com o intuito de evitar o isolamento. Além do mais, cabe à esfera executiva, com o Ministério da Saúde, criar centros de acompanhamentos psicológicos em todos os municípios do Brasil, com o objetivo de ajudar os cidadãos a controlarem o emocional e a evitar que essa inquietação se torne uma doença. Dessa forma, por mais que o mundo seja análogo a uma Pauliceia Desvairada, os cidadãos terão o direito à saúde assegurado.