"Não serei o poeta de um mundo caduco", afirmou Drummond na sua obra "Sentimento do Mundo". Fica evidente a insatisfação do autor diante da máquina de um mundo ensandecido e caduco, cujas engrenagens impõem-se de maneira dominante, autoritária e inexorável. Talvez, hoje, ele enaltecesse ainda mais a sua afirmação: a postura dos brasileiros acerca do aumento dos casos de ansiedade é uma das faces mais preocupantes de uma sociedade em desenvolvimento. Por essa razão, faz-se necessário pautar as causas que corroboram para essa postura, que são os tempos líquidos e um governo inobservante ao Contrato Social. A priori, o sociólogo Zygmunt Bauman defende, em "Modernidade Líquida", que os tempos são líquidos, ou seja, tudo muda rapidamente e nada foi feito para durar. Esse conceito, portanto, pode ser visualizado na intensa preocupação da sociedade com a incerteza do amanhã, o que potencializa a permanência da ansiedade, que é caracterizada pelo medo, pela inquietação e pela preocupação com situações do dia a dia, sendo considerada a doença do século. À vista disso, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Orientação da Mente (IPOM), 4 em cada 10 brasileiros sofrem de ansiedade, o que torna uma patologia frequente no Brasil, cujos sintomas são negligenciados por serem considerados normais pela população. Logo, há a demora pela busca de tratamentos, causando um aumento progressivo de casos de ansiedade no Brasil. Sob essa perspectiva, o Contrato Social, estabelecido por Rousseau, disserta acerca da importância da atuação do Estado para garantir o bem-estar social. Todavia, as nefastas políticas públicas que visam coibir a ansiedade no Brasil, como o direito à saúde, fomentam a permanência dessa patologia na sociedade, posto que a espera para conseguir tratamentos médicos e psicológicos pelo SUS é constante, devido à demanda de pacientes ser alta em relação aos profissionais disponíveis, o que acaba contribuindo para a conservação de uma população doente. Embora caótica, essa situação é mutável. Dessarte, a sociedade civil organizada deve exigir do Estado, por meio de protestos, a observância do Contrato Social, garantindo o bem-estar social. Diante disso, o Ministério da Fazenda deve elaborar um plano econômico capaz de dinamizar a economia e gerar mais recursos para o SUS, mediante a ajuda de economistas, a fim de disponibilizar mais vagas para concursos públicos de médicos e psicólogos, o que diminuirá o tempo de espera dos brasileiros por tratamentos. Ademais, o Ministério da Saúde, em parceria com a mídia, deve informar a população em relação aos sintomas da ansiedade, seus males e o que fazer para evita-la, além dos tratamentos que são disponíveis pelo SUS, por intermédio de campanhas educativas, com o intuito de atenuar os dados coletados pelo IPOM. Assim, a postura dos brasileiros se modificará, os casos de ansiedade irão ser solucionados, tornando o Brasil um país plácido e lúcido, do qual Drummond pudesse valorizar.