O Brasil, hodiernamente, passa por uma das mais graves crises de toda a história: altas taxas de desemprego, altos impostos e, infelizmente, baixos investimentos na educação, na saúde e nas demais esferas públicas. Todos esses fatores, indubitavelmente, interferem na vida do brasileiro, alterando a qualidade da mesma e desencadeando, por exemplo, o aumento dos casos de ansiedade. A priori, é importante destacar que, no Brasil, há uma cultura da ansiedade. Desde cedo, aprendemos que devemos escolher uma profissão antes mesmo de concluirmos o Ensino Médio, que não é permitido esperar para ingressar no mesmo, visto que isso levaria ao fracasso. Tal pensamento contradiz Sêneca, filósofo grego, que dizia que não devemos antecipar desgraças. Trazer esse fato à tona é importante, já que, de certa forma, no atual momento em que vivemos, ele talvez explique o aumento do número de casos de ansiedade. A juventude é um período repleto de indecisões. Muitos jovens escolhem caminhos que não desejavam visando a aprovação da família e da sociedade como um todo. Passado esse período, na vida adulta, o peso das decisões é maior ainda, o erro não é tolerável. Em um período tão conturbado quanto o atual, com grandes dificuldades econômicas, a sensação de estar constantemente em uma corda bamba acaba desencadeando prejuízos à saúde física e mental. Ademais, os filhos desses adultos, outrora jovens, tendem a desenvolver os mesmos problemas. Um estudo realizado pela Universidade de Cornell mostrou que uma variante genética presente em 80% da população está ligada à ansiedade. Embora, por si só, não cause a ansiedade, aliada a uma criação que, por reflexo da ansiedade dos pais, tenda a ser demasiadamente exigente, fato extremamente exacerbado na sociedade moderna, pode levar aos transtornos de ansiedade. Infelizmente, não é raro vermos casos em que os pais tentam transferir seus sonhos não realizados a seus filhos, criando uma cobrança demasiadamente pesada e desnecessária. Infere-se, portanto, que a ansiedade é um mal que assola profundamente o Brasil. A fim de sanar a problemática, o Estado, por meio da Educação, deve buscar desconstruir o pensamento de imediatismo que está impregnado nos jovens, tal como incentivá-los a seguirem seus sonhos. Ademais, deve-se cumprir a lei que obriga as escolas a disporem de profissionais da Psicologia, para que os jovens tenham com quem desabafar em momentos que se sintam sobrecarregados. Assim, paulatinamente, caminharemos a uma melhoria quanto a essa problemática.