No início da década de 1990, o movimento conhecido como "caras-pintadas", composto em sua maior parte por jovens estudantes, propiciou o impeachment do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Após esse processo, a juventude brasileira tornou-se símbolo de mudança social. Todavia, atualmente, o olhar sobre essa classe não é o mesmo, e a renegação do Estado perante os direitos básicos dos jovens, garantidos pelo artigo 5º da Constituição Cidadã, contribui para tal degradação, que reflete no aumento no número de homicídios desse grupo. Nesse sentido, fazem-se necessárias políticas que visem à mudança dessa problemática. Primeiramente, é importante destacar que o descaso governamental, principalmente no âmbito da educação, contribui para o aumento na precariedade da vida desses jovens, sendo que, se tratando de classes econômicas baixas, pode levar à criminalização e consequente morte dos mesmos. Com o fim da União Soviética, em 1991, ocorreu a ascensão do neoliberalismo como sistema político e econômico do mundo globalizado. Tal modelo, ambientado numa ótica toyotista, privilegia a contratação de profissionais qualificados, com alto grau de estudo. Contudo, mesmo necessária, no Brasil, essa qualificação não se faz presente, sendo originada pela falta projetos públicos. Essa indiferença contribui para um círculo vicioso, no qual, junto à renegação encontra-se a marginalização da juventude das comunidades carentes. Em segunda análise, verifica-se a constante banalização, pela mídia, dos casos de assassinatos envolvendo adolescentes. Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo e filósofo polonês, a sociedade contemporânea é pautada, não mais pela solidificação dos fatos, mas sim pela liquefação dos mesmos. Nota-se, desse modo, que a divulgação dos casos de homicídios de jovens, quando expostos em veículos midiáticos, não surtem o efeito necessário, já que de tão obsoletos, recaem apenas como um ônus a mais para a população. Fica claro, portanto, que a questão do aumento do número de homicídios entre a juventude brasileira se dá por um complexo de abandono social. Nesse sentido, é fundamental que o Estado, em essencial o Ministério da Educação, garanta as condições necessárias de ensino a esse grupo por meio do cumprimento efetivo das leis e de maiores investimentos na área, além de promover, em parceria com ONGs, projetos de inclusão social, como palestras e eventos esportivos, visando à diminuição da evasão escolar, a qual é responsável, em parte, pela criminalização dessa classe. Ademais, a mídia deve promover campanhas, por meio de propagandas em redes televisivas, buscando alertar e conscientizar a população quanto ao seu papel com o futuro dessas jovens. Desse modo, espera-se que o símbolo atribuído à juventude, no início da década de 1990, outrora sirva de sinônimo para esta palavra.