Há quem diga que o aumento do número de homicídios dos jovens brasileiros se dê exclusivamente por fatores estruturais, vulgo condições sociais e econômicas da sociedade contemporânea. Contudo, a problemática também apresenta- se distanciada do presente, pois suas raízes estão calcadas principalmente na escravidão brasileira. O Atlas da Violência de 2018 revela que ambos 71,5% dos jovens assassinados entre 14 e 18 anos e 67% dos autores responsáveis por homicídios são negros e pardos, o que somado a forte herança escravocrata do Brasil( racismo, desigualdades raciais e preconceito) intensificam o número de homicídios sobre a juventude brasileira. Desse modo, depreende- se o efeito unilateral entre perpetuações de ações racistas com um aumento estatístico de homicídios. Outrossim, a lacuna educacional causada pelo precário sistema educacional, falho em integrar e conscientizar os jovens, em adição à pobreza, disfunção familiar e inconsistente modelo de competição econômica baseado não na agregação, mas na exclusão, fomentam a problemática circundante à juventude brasileira, além de suscitar questões trabalhistas, já que muitas vezes essa parcela jovem se submeterá à condições de risco de vida ou trabalho excessivo, para estancar a falha educacional, visto nos jovens cúmplices do tráfico de drogas. Apesar dos fatores de causas histórico- sociais, pode- se destacar o Governo Estadual e toda a cadeia responsável para aprovações de projetos de infraestruturas, menção às hidrelétricas, como responsáveis em grande parte pelo aumento do índice de homicídios, violência e criminalidade. Tal situação é presente na cidade de Altamira, a qual, pelo Atlas de 2017, é a cidade mais violenta do Brasil e seus habitantes consideram como causas indefectíveis do aumenta desses índices a construção e instalação da Usina Belo Monte que além de aumentar drasticamente a populacional da cidade local, chegou a demitir 200 a 300 empregados por dia. Compreende- se então a falha na gestão e planejamento governamental com as empresas chinesas construtoras de Belo Monte para a população local, o que acabou intensificando o homicídio, violência e criminalidade para todas as faixas etárias do local. Nessa perspectiva, compreende- se que ações no âmbito social, governamental e econômico sejam tomadas. Em primeiro plano, cabe ao MEC(Ministério da Educação) e ao Governo Federal tomarem medidas visando harmonizar a infraestrutura escolar com o conteúdo a ser passado, tendo em vista o acesso à educação de qualidade para todos os brasileiros e futuramente a integração dos jovens ao mercado de trabalho. E no âmbito da gestão, seria interessante o Ministério do Orçamento, Gestão e Planejamento minimizar o máximo possível consequências advindas de más decisões, como foi o caso da cidade de Altamira, podendo gradativamente reduzir o histórico de criminalidade e violência não só do Pará, mas como da unidade territorial como um todo.