Sob o prisma do geógrafo brasileiro Milton Santos, o processo de globalização é perverso, na medida em que, concomitantemente à destruição de algumas barreiras, há o surgimento de outras. Nesse contexto, percebe-se que o aumento de homicídios entre os jovens é um dos maiores desafios no Brasil hodierno. Diante disso, soma-se não só o individualismo impregnado na sociedade orgânica, como também a ausência do poder público no que se refere ao tema. Em primeiro plano, é necessário destacar que o egocentrismo é um dos principais contribuidores na problemática em questão. Desse modo, o sociólogo Zygmunt Bauman está correto ao afirmar que o individualismo é o maior conflito da pós-modernidade, isto é, parcela da população tende a ser incapaz de tolerar as diferenças do outro, seja ela a opção sexual, cor, etnia ou religião. Assim, as pessoas que não coincidem com o padrão preconceituoso proposto pela sociedade são tratadas com indiferença, antipatia, violência, até mesmo assassinadas. Além disso, o poder público não possui eficiência, uma vez que, de acordo com a Constituição Cidadã de 1988, é assegurado a todos o direito a vida. No entanto, essa não é uma realidade no país, visto que, dados do Ministério da Educação mostram que quase 60 mil assassinatos foram cometidos em 2017, sendo os alvos adolescentes de 15 a 29 anos de idade. Isso porque, a juventude que está sucedendo não mede esforços para aceitar e conviver em harmonia uns com os outros. Destarte, é desconstruído o que é dito pela Constituição, e o abismo entre os oprimidos e opressores torna-se, portanto, maior. Logo, a fim de erradicar essa intempérie, cabe aos pais acompanharem mais de perto desde a infância a vida adulta de seus filhos, por intermédio de diálogos que os ensinem a aceitarem e respeitarem as divergências do outro, com o fito de direcionar e evitar que essa tragédia torna-se presente em seus lares. Outrossim, o Ministério da Educação deve implementar nas escolas em todos os anos da vida escolar, aulas de cidadania, com o propósito de formar cidadãos responsáveis e críticos. Ademais, o Estado precisa aumentar e criar novas medidas de segurança, de maneira a dobrar o número de polícias nos centros urbanos, com o objetivo de exterminar os casos de homicídios no Brasil.