O livro “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, além de representar as mazelas da favela, denuncia a indiferença do governo com uma sociedade vítima e progenitora do crime. Entretanto, apesar de ser uma história, essa é a realidade de grande parte do Brasil, que apresenta números de homicídio cada vez maiores entre jovens. Diante disso, tornam-se necessárias medidas eficazes para mudar essa realidade. A priori, o aumento da violência entre jovens é consequência do descaso governamental com a primeira infância. É na primeira infância que os principais traços do caráter são formados, contudo, não é novidade que a quantidade de creches e jardins infantis não atende a demanda de crianças. Por isso, muitas famílias deixam seus filhos com “conhecidos” – ou até mesmo sozinhos – para irem trabalhar. Prova disso são os dados do IBGE que apontam números cada vez maiores de crianças fora das creches. Assim, se o jovem não receber devida educação, suas chances de seguir caminhos errados, como a violência, aumentam. Ademais, o grande número de homicídios entre jovens é reflexo do baixo investimento em oportunidades para as camadas mais pobres. Dessa forma, a vida no crime pode ser uma tentativa de fuga dessa classe de sua realidade social, especialmente para essa faixa-etária, que se caracteriza por ambições. Com isso, a obtenção rápida do dinheiro através do crime se mostra mais promissor, na visão dessas pessoas, do que uma vida no mercado de trabalho já moldada pela competição desnivelada entre “as castas do Brasil”. À vista disso, o educador brasileiro, Paulo Freire, defende a educação como forma de transformação social, por meio dela o jovem aprenderá a ler a sua realidade e, assim, reescrevê-la. Desse modo, é notória a importância de investimentos em oportunidades para essa classe social. Fico claro, portanto, que medidas devem ser tomadas para alterar essa realidade. Logo, urge que o Governo Federal, por meio do envio de recursos financeiros ao Ministério da Educação, aumente o número de creches e jardins, a fim de atender a educação necessária à primeira infância e evitar, dessa forma, que a criança siga o caminho do crime. Outrossim, devem ser feitos investimentos nas escolas públicas de educação básica, pois trará oportunidade para jovens ingressarem no mercado de trabalho. Com essas medidas, a história de Aluísio Azevedo não será a realidade brasileira.