Na obra "Capitães da Areia", o escritor brasileiro Jorge Amado expõe a história de algumas crianças as quais foram marginalizadas pela sociedade, e por consequência disso, o garoto Sem Pernas acaba morrendo, após a fuga de um crime. Nessa perspectiva, ainda hoje, motivado pelo aumento da criminalização em conjunto com a falta de oportunidades no mercado de trabalho, observa-se um aumento no número de homicídios entre os jovens brasileiros. Em primeira análise, o crescimento do número de criminosos é uma das causas do problema. Prova disso, conforme o Atlas da Violência, houve um acréscimo de quase 10% de homicídios, entre 2015 e 2016, de pessoas de 15 a 29 anos, os quais são causados, principalmente, pelo latrocínio -roubo seguido de morte- e colabora diretamente nessa triste estatística brasileira. Há de se considerar que, além da marginalização social, a gênese dos crimes é a falta de educação e o difícil acesso a ela. Diante disso, consoante Pitágoras, filósofo grego, para que não haja punições para os adultos, é fundamental educar as crianças. Assim, seguindo a linha do pensador supracitado, medidas educacionais, mediante investimentos do governo, far-se-ão essenciais para alterar esse cenário do país, pois a educação, além de influir sobre toda a vida, impacta no convívio coletivo. Em segundo plano, a falta de oportunidade de trabalho também corrobora com o impasse. Nesse contexto, como evidência histórica são os relatos do cangaço no sertão brasileiro o qual foi motivado pela miséria e pela falta de oportunidade de emprego. Um exemplo atual são os 14 milhões de desempregados no Brasil, e esse fato, infelizmente, coopera com o aumento da criminalidade e, por conseguinte, com a elevação dos casos de homicídios entre os jovens. Dessa forma, segundo Abraham Meslow, psicólogo americano, quando as necessidades básicas humanas são atendidas, a base da pirâmide comportamental é solidificada e contribui para o aumento da segurança social. Por isso, é indubitável a necessidade de um impulsionamento na economia, para, assim, diminuir essas mortes no país. Convém, portanto, a atuação do Ministério da Educação, em consonância com o Ministério da Fazenda, na promoção da educação, por meio de investimentos advindos dos impostos, com a finalidade de aumentar a escolaridade dos indivíduos e, à vista disso, diminuir o número de homicídios. Em paralelo, o governo federal deve estimular a vinda de empresas multinacionais, com o objetivo de gerar empregos e atenuar a entrada de jovens no crime. Dessa maneira, de acordo com John Locke, filosofo iluminista, o direito à vida será garantido a todos os cidadãos, e os "Sem Pernas" brasileiros não estarão mais sujeitos às ameaças explicitadas por Jorge Amado em seu livro.