Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O aumento da expectativa de vida como desafio no Brasil

Redação enviada em 03/11/2017

O Velho e o mar de exclusão Traço presente em diversas culturas, muito difundido pela tradição oral no Brasil, a valorização do idoso como figura simbólica de sabedoria e como alicerce da família ganha novos contornos, às vezes inclusive num sentido paradoxal, na medida em que os avanços na medicina permitem uma maior longevidade e um conseqüente aumento da população idosa. No Brasil a inversão da pirâmide etária, indicada por pesquisas recentes como intensa e inevitável, provoca preocupações. A principal delas é relativa ao fato de que, na terceira idade, o indivíduo deixa de ser produtivo, trazendo desafios no que diz respeito aos gastos do governo e da população economicamente ativa com seus idosos. A recentemente aprovada reforma da previdência, altamente controversa, integra a agenda neoliberal e adquire maior credibilidade na medida em que se auto-proclama solução financeira para evitar desastres econômicos no futuro. O envelhecimento da população e o atual cenário de recessão são apresentados, assim, como problemas remediáveis apenas com as medidas apresentadas, dentre as quais se destaca o aumento do tempo mínimo de trabalho como requisito para o recebimento do benefício. Tratando-se de um aumento excessivo, incompatível com a atual realidade de 90% dos beneficiários , a reforma representa um problema a mais travestido de solução Além da problemática macroeconômica, o aumento do número de idosos pode intensificar a já presente realidade de exclusão destes no âmbito familiar. Problema aparentemente paradoxal, levando em consideração o tão corriqueiramente mencionado respeito incondicional ao ancião, o abandono de idosos muitas vezes sem condições financeiras de se sustentar pode potencializar-se, tenha visto a própria aprovação da reforma previdenciária, em conjunto com a perspectiva predominante sobre a terceira idade que a trata como membros já incapazes de integrar positivamente ou até interagir com outros segmentos etários sociedade. Permeada, tradicionalmente de mistificações e folclore, a figura do velho tem sido convertida e submetida ao utilitarismo que acaba por enquadrar todos os cidadãos em uma hierarquia cujo parâmetro é a produtividade econômica. Uma Política pública que pode atuar na reversão desse quadro sociológico, incluindo as particularidades econômicas imperativas, é o investimento na acessibilidade à cultura e o incentivo à produção de conhecimento, visando promover a integração dos idosos com os indivíduos de outras idades e reafirmar o fato de que a vida pública pertence, também, a eles.