Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias Póstumas" que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente as problemáticas que envolvem o aumento da expectativa de vida dos idosos é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Como ponto inicial de reflexão, cabe ressaltar que a Previdência Social é um direito assegurado pela Constituição ao trabalhador brasileiro, entretanto com o aumento da população idosa há um déficit previdenciário, visto que a população de trabalhadores ativos é muito menor do que a de inativos. Segundo dados do INSS, a cada 5 trabalhadores apenas 2 estão no mercado de trabalho, isso acaba corroborando sucessivos déficits ao governo. Ademais, segundo o site informativo G1, existem hoje no Brasil mais de 20 milhões de pessoas na faixa etária entre os 60 e 90 anos, isso equivale a 12% da população e tende a ascender nas próximas décadas. Como resultado, a nação está vivenciando um momento de crescente diligência de recursos necessários para atender a esse público senil. No livro, de Valter Hugo em "A Máquina de fazer Espanhóis" o tema é trato com muita cautela e eloquência, posto que a sociedade deve dispor de mais atenção a estes cidadãos longevos. Infere-se, portanto, que a Receita Federal - responsável pela arrecadação de impostos - em parceria com o governo deve investir parte desse capital em recursos que beneficiem os idosos, como na criação de espaços de lazer e entretenimento destinados a este público e também na concessão de novas políticas públicas que restaure a condição da terceira idade. Além disso, as empresas deveriam promover mutirões para a contratação de novos funcionários, já que isto amenizaria as dívidas com a Previdência Social. Assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país desenvolvido socialmente, e criar um legado de que Brás Cubas pudesse se orgulhar.