De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 23,5 milhões de pessoas no Brasil têm mais de sessenta anos, e o número de idosos poderá vir a representar 20% da sociedade em 2050. Esse dado atesta que o país obteve um aumento em sua expectativa de vida e está no rumo de uma configuração de Índice de Desenvolvimento Humano semelhante a de países desenvolvidos. Entretanto, alguns fatores tornam a longevidade brasileira um desafio a ser encarado. A priori, a história mostra que a mulher, ao ter inserido sua participação no mercado de trabalho, passou a desejar ter menos filhos, para dedicar mais tempo à profissão. A consequência de tal fato é a diminuição da quantidade de mão de obra que existirá na geração sucessora em relação a essa. A partir disso, em um futuro breve, ocorrerá uma redução das arrecadações da Receita Federal por meio dos impostos e, consequentemente, haverá dificuldades para a União prover recursos e benefícios para a parcela aposentada da sociedade com o menor orçamento para despesas. Ademais, o atual déficit no sistema previdenciário indica que as contribuições dos trabalhadores para esse programa não são apuradas corretamente. A Política de Desvinculação de Rendas da União, a qual permite desviar parte dos recursos do banco de seguridade social, compromete o montante que deveria ser destinado para pagar a previdência dos aposentados. Não apenas, a população idosa demanda mais recursos da área de saúde, visto que essa é mais propensa a sofrer de problemas como câncer e hipertensão. Todavia, a avaliação negativa de 87% dos usuários do Sistema Único de Saúde, conforme o Datafolha, devido à falta de aparelhos e profissionais, evidencia uma infraestrutura pública inadequada para tratar o número crescente de indivíduos da terceira idade. É evidente que, para vencer o desafio da longevidade no Brasil, são necessárias ações. Torna-se fundamental que o Ministério da Previdência Social em conjunto com a Receita Federal adeque as arrecadações do fundo previdenciário, através da revoga da Política de Desvinculação de Receitas, com o intuito de evitar que falte dinheiro para bancar as aposentadorias. Além disso, é indispensável que ONG's, como a Mais Saúde e Lar dos Idosos, promovam programas de assistência médica, por meio de disponibilização de profissionais e de consultas, haja visto que a infraestrutura pública ainda é precária, de modo com que os cidadãos aposentados possam viver com conforto e saúde.