Cassandra, segundo a mitologia grega, recebera de Apolo o dom da profecia, mas foi amaldiçoada e ninguém jamais acreditou nas suas denúncias. Analogamente, a valorização do idoso na sociedade hodierna é desprovida de crédito efetivo. No caso em apreço, resta entender o porquê dessa falta de credibilidade a que os idosos encontram-se submetidos e, de igual modo, a busca de ações a saná-la. De início, a história é pródiga de exemplos esclarecedores por quê esses indivíduos são importante para a sociedade. Com efeito, os atenienses, ao considerarem os idosos as pessoas mais experientes da pólis grega, elegiam os mais velhos a ocuparem cargos públicos. Outrossim, os indígenas, por precisarem de conselhos e conhecimento, procuravam os anciãos no fornecimento de histórias e na perpetuação da cultura local. Subjaz o entendimento, segundo o qual, a história imprimiu ao idoso não só a importância do saber,como também exaltou-lhe o exercício do desenvolvimento mental dos mais jovens. Sob tal prerrogativa, é certo que o Estado une forças a otimizar a percepção acerca do idoso na sociedade através de ações governamentais; não menos certo, porém, é o fato de haver inúmeros entraves a esse avanço. De fato, a criação do Estatuto do Idoso, cuja finalidade não fora outra, senão a de ampliar os direitos sociais, lutou contra a negligência e a crueldade ao idoso,contudo, os noticiários brasileiros continuam relatando casos de violência doméstica e a privação de cuidados indispensáveis; ademais, a promoção da gratuidade do transporte coletivo público, permitiu a livre circulação nos mais velhos no meio urbano, entretanto, são poucas as pessoas que respeitam os espaços e assentos destinados a essa faixa etária. Isto posto, subjacente estão os porqûes da falta de crédito real aos idosos na sociedade. Em face do exposto, se é necessário a implantação de um projeto respeitoso aos idosos; não se nega, porém, defendê-lo sem a participação das instituições sociais. Às comunidades de bairro, por esse prisma, pertencem-lhes o dever de conscientizar os moradores locais a auxiliarem os idosos na vida cotidiana com o intuito de haver maior coletividade entre os indivíduos. Ao Estado, igualmente, assiste-lhe o dever de promover melhoras nas infraestruturas urbanas com a finalidade de garantir direito à acessibilidade. À população, em suma, cabe-lhe o papel de respeitar os mais velhos, pois assim combaterá os casos de violência. Por tudo isso será possível, assim como nas profecias de Cassandra, que haja crédito nas denúncias da falta de crédito ao caráter digno das pessoas idosas.