Os países emergentes, ao longo de sua ascensão ao desenvolvimento, enfrentam diversos desafios, sendo o principal deles a transição demográfica. O referido processo designa o estreitamento da base e a dilatação do topo da pirâmide etária de um país, ou seja, representa queda das taxas de natalidade e da população jovem em detrimento à elevação do número de idosos. No Brasil, tal mudança, ocasionada pelo aumento da expectativa de vida, torna-se substancialmente árdua devido às suas peculiaridades. Segundo o sociólogo Caio Prado Júnior, a economia brasileira, desde sua colonização, constitui-se como cíclica, havendo o enriquecimento de certas regiões e o abandono de outras conforme a lucratividade de seus produtos. De acordo com essa lógica, observa-se a prosperidade do Sul e Sudeste, a qual não ocorreu com mesma intensidade nas demais regiões do território nacional. Logo, em se tratando da elevação da expectativa de vida em números absolutos no país, não se pode desconsiderar as desigualdades regionais. Se em Santa Catarina a previsão é de 78 anos para ambos os sexos, no Maranhão é de apenas 70. Tal heterogeneidade dificulta a aplicação de medidas benéficas a todos. Outrossim, a alta tributação brasileira, por não resultar em serviços públicos de exímia qualidade, revela-se como empecilho a adequação do Brasil à nova realidade. O envelhecimento da população e o crescente déficit implicam uma reforma no sistema previdenciário a fim de garantir seu equilíbrio e manutenção. A referida mudança foi adotada anteriormente em países que também enfrentaram a transição demográfica, tal qual o Japão. Entretanto, haja vista a elevada carga de impostos e seu resultado ineficiente, para os brasileiros será fundamental uma revisão de toda a logística tributária. É preciso que setores elementares aos idosos, como a saúde, funcionem bem, sem a necessidade de contratação da iniciativa privada como alternativa a um serviço ruim. Em suma, pode-se observar que da elevação da expectativa de vida no Brasil advêm desafios maiores do que os enfrentados por outros países devido às singularidades brasileiras. As disparidades regionais demonstram a impossibilidade de uma reforma previdenciária com idade mínima uniforme e elevada para aposentadoria. Portanto, faz-se necessário o acréscimo de um fator regional no cálculo de tal idade, o qual deve variar de acordo com a localidade do contribuinte. Ademais, é de extrema importância um melhor gerenciamento dos impostos arrecadados tanto por parte do Governo Federal quanto dos estaduais.