Na canção, “Meu guri”, de Chico Buarque, uma mãe narra a vida de seu filho que aspirava sair da vida de miséria em que nasceu mas que, devido a escolhas tortuosas, perde a vida ainda muito jovem. A história retratada nos versos reflete a realidade brasileira que apresenta um crescente número de jovens ingressando na criminalidade, isto, em virtude da negativa influência familiar e do meio local e, também, pela ineficiência de medidas socioeducativas aos menores infratores. Numa reportagem do programa de televisão “Domingo Espetacular” sobre violência nas escolas, a promotora de justiça e a psicóloga entrevistada apontaram como principal causa do comportamento agressivo a desestruturação familiar. Ademais, como na canção de Chico Buarque, muitos guris do morro ingressam muito cedo no tráfico de drogas e cometem outras infrações incentivados pelo meio em que vivem. Dessa forma, observa-se que o mal exemplo é fator fundamental para a escolha de estilo de vida da criança e do adolescente, refletindo diretamente no cenário atual de aumento na criminalidade entre os jovens no Brasil. Concomitante a isso, as ações públicas de recuperação do jovem infrator mostram-se ineficientes já que, segundo o jornal “O Globo”, cerca de 50% dos jovens internados são reincidentes. Além disso, o Conselho Nacional do Ministério Público indicou que 80% das unidades do país não oferecem atendimento aos egressos da internação. Destarte, percebe-se que as medidas socioeducativas não estão sendo aplicadas devidamente, os jovens não estão sendo recuperados e muito menos acompanhados após o período de reclusão, e ,dessa forma, retornam ao crime e recomeçam o ciclo. Sendo assim, para mudar o cenário atual as escolas, em parceria com Universidades, especialmente com faculdades de assistência social, devem identificar alunos com possíveis envolvimentos com a criminalidade e acompanhá-los, juntamente com a família do menor, a fim de impedir ou retirar o indivíduo da prática. É importante, também, que ONGs, em parceria com prefeituras, desenvolva projetos sociais em comunidades de risco, como cursos profissionalizantes e aulas de idiomas e instrumentos, com o intuito de interagir e ajudar o jovem a se manter longe do crime. Por fim, os governos estaduais devem capacitar os agentes responsáveis pelo acolhimentos de menores infratores para que, durante e depois da estadia desses pequenos os profissionais realmente os ajudem evitando, assim, o mesmo destino do guri de Buarque.