Diariamente, a imprensa brasileira bombardeia seus espectadores com notícias acerca de delitos cometidos por jovens infratores. Crescidos em ambientes hostis, com educação pública de péssima qualidade, sem perspectiva de futuro e com poucos exemplos de sucesso ao seu redor, os jovens carentes são presas fáceis para o crime organizado, em especial o narcotráfico. Durante sua formação escolar, os jovens infratores, em sua maioria, não recebem uma educação de qualidade, estudando em instituições degradadas que não fornecem condições de igualdade com aqueles matriculados em boas escolas. Fomentados pela baixa perspectiva de sucesso, muitos jovens abandonam a escola precocemente, enxergando no crime um caminho mais rápido para seus sonhos e desejos. Nesse cenário, os menores acabam seduzidos principalmente pelo tráfico de drogas, que oferta dinheiro fácil e um discurso de uma falsa impunidade, implícita na chamada inimputabilidade dos menores de dezoito anos. Cabe dizer que a guerra ao tráfico de drogas no Brasil é uma guerra falida, pois não se combatem os reais criminosos – os ‘’chefões’’ do tráfico – mas sim, os pequenos traficantes e seus menores ajudantes. Esse contexto é mais explícito nas periferias, que têm nos jovens negros e pobres suas maiores vítimas. Quando são detidos, esses jovens são alocados em centros de detenção em péssimas condições, entrando em contato com outros jovens infratores e se graduando no crime. Ao sair, sofrem preconceito por causa de seu passado infrator, não possuem boa qualificação educacional e profissional, e terminam no desemprego. E sem trabalho, voltam ao crime, num eterno círculo vicioso. Portanto, evidencia-se a urgência de ações afirmativas por parte do Poder Público, em consonância com as escolas e ONGs nas periferias, trazendo investimentos em educação de qualidade para esses jovens, bem como a criação de novos empregos para a juventude, através de programas como o ‘’Jovem Aprendiz’’, por exemplo. Criar um sentimento de inclusão e concretas oportunidades é a saída para afastar os possíveis infratores do crime. Em outra vertente, é imprescindível melhorar as condições dos centros de detenção de menores, aprimorando principalmente a formação profissional deles, para realmente reformá-los antes de devolvê-los à sociedade. Somente assim, esses jovens não retornarão ao crime.