O crescente número de jovens no mundo do crime não só é preocupante, mas revela também a carência brasileira em relação ao estabelecimento de políticas sociais e econômicas eficazes que proporcionem melhor qualidade de vida às famílias. Junto disso, entra em cena a objeção do Brasil em investir nos setores que trarão resultados a longo prazo, como a educação. A taxa de menores apreendidos em 2016 foi duas vezes superior ao de adultos, segundo um levantamento feito pelo jornal O Globo, com dados oficiais fornecidos pelos governos dos estados. Em vista disso, apurou-se também, segundo a mesma fonte, que a porta de entrada para o universo da criminalidade é o tráfico de drogas. Tal meio é anunciado como a solução para a vida de crianças e adolescentes que sofrem com a desestruturação familiar, falta de um projeto de vida, condições precárias de infraestrutura e ausência de políticas públicas que combatam a desigualdade social. Em meio a todos esses problemas, os menores ficam ludibriados pelas promessas feitas pelos aliciadores, como o ganho de dinheiro, com salários que variam de R$400,00 a R$12.000,00 mensais, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As leis e medidas brasileiras para os casos de internação são, muitas vezes, ineficazes, pois, segundo o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), nem todas as unidades disponibilizam circunstâncias adequadas aos projetos de escolarização e profissionalização oferecidos pelos mesmos centros, o que transforma um ambiente que deveria preparar o indivíduo para uma reinserção sadia na sociedade, em uma realidade que o devolverá pior, em comparação ao momento que entrou. Compactuando com esse fato, o Brasil mostra-se relutante ao investimento em setores de longo prazo, como a educação, um dos únicos caminhos que tiraria nossos jovens da criminalidade e os traria de voltas às carteiras, reduzindo assim, o número de menores infratores no futuro. A primeira decisão acerca da resolução desse problema deve ser dado pelo Executivo Federal e os estaduais, ao estabelecerem leis mais duras e repressivas ao tráfico de drogas, para que a convicção de uma punição severa elimine a atração dos salários da delinquência. Os Governos Estaduais com o Ministério da Educação devem investir na educação, de modo que todas as escolas sejam capazes de oferecer cursos profissionalizantes nas diversas áreas do conhecimento, estimulando tantos os jovens a permanecerem na escola, quanto a ingressarem no mercado de trabalho. Em alusão à frase do filósofo Sócrates: "Só sei que nada sei", podemos contextualizá-la e inferir que o primeiro passo para uma reinserção satisfatória dos menores na sociedade, é o reconhecimento, do próprio erro, partido deles, com um acompanhamento de psicólogos, disponibilizados pelas unidades de internação e serem ajudados pelos mesmos profissionais em parceria com os familiares, que também devem ser acompanhados, a darem o primeiro passo em busca do recomeço fora do mundo do crime.