Título da redação:

Difusão do Ativismo ou Ativismo da Difusão: Por um Mundo Mais Coeso.

Tema de redação: O ativismo social e a repercussão cultural, política e social nas redes digitais.

Redação enviada em 07/09/2015

Ainda no final da década passada, eclode na região maghrebana a centelha que originaria, então, a Primavera Árabe: primeiramente, a Tunísia; depois, caem Mubarak, no Egito, e Gaddafi, na Líbia -- ambos tradicionais representantes de uma política assaz arcaica, unilateral, mas sólida. Um pouco mais ao Norte desses eventos, na Europa, e ao Oeste, no Canadá, a população clamaria veementemente pela Democracia Direta, vicejando novo fôlego digital. Finalmente, na semana passada, o menino Aylan, três anos, refugiado da Síria, falece afogado naquele mesmo mar que testemunhara, há mais de quatro mil anos, o nascimento do nosso primeiro alfabeto. O mundo descobre. O mundo sofre. O mundo reage. Em vista desses eventos conspícuos, indaga-se: qual é o seu denominador comum? E a resposta vem em flash: as redes sociais. Outrora, na infância informacional, na época em que se contava em segundos a espera por um arquivo de imagem em rede, não se vislumbrava a profusão de imagens e vídeos divulgados por esse canal que se tornariam antológicos de nossa cultura, de nossa política. Hoje em dia, torna-se, com efeito, pertinente o ditado popular de que "uma imagem vale mais do que mil palavras". Uma imagem forte, catalisada pelas redes sociais, como aquela do menino Aylan, deitado de bruços, na areia duma praia turca, sem rosto, sem vida, movimentou não apenas um conjunto de ONGs e diplomatas benfazejos, mas todo o Globo. Pulularam e pululam nas redes as palavras vociferadas, de indignação, pelas prioridades financeiras e fronteiriças incabíveis dos governos europeus. O ativismo social entrou numa era de exorbitante grau de difusão. Sites como o Change.Org e Avaaz.Org possibilitam petições com uma quantidade de signatários que ultrapassa centenas de milhares. A extração do conhecimento agora dá-se por vias de engenharia social, que usa a ciência da computação e estatística para depreender conclusões sobre o conjunto social estudado. Sites como Facebook ou Twitter discriminam as fontes de ativismo social como um grafo complexo de relações entre seus usuários. Textos, imagens e vídeos constelam a vida dos usuários das redes sociais, mantendo-os mais esclarecidos. Tanto assim que isso está na origem da formação de comunidades afins que engendraram a Primavera Árabe e sua divulgação mais completa no mundo. Com consequências socio-políticas extremamente perceptíveis. Em vista dessa nova facilidade, os estados no mundo deveriam perceber semelhante conjuntura como uma oportunidade para se atualizarem. Por exemplo, o censo poderia ser realizado de maneira extremamente detalhada e procedente. Para tal aproveitar-se-iam as novas técnicas de mineração de dados e "Big Data" em redes sociais, a fim de traçar mais rapidamente o perfil da parcela populacional em questão; seria possível, então, conhecer mais precisamente os anseios da sociedade e suas necessidades -- a sociologia tem agora uma de suas maiores aliadas para se alinhar, mantendo-se as devidas proporções, com as tais ciências naturais. Ao que parece, ninguém mais abre mão da Internet uma vez que a usou. Aproveitemos, por conseguinte, essa oportunidade para tornar o povo uma unidade mais coesa, mais engajada, mais resistente aos abusos do capital. Que não repitamos os erros do passado, agora perenizados em imagens e vídeos de divulgação massiva, que não mais habitarão apenas os livros de história, mas se alastrarão pelo meio digital, envergonhando nossos filhos.