No século XIX, a Corte real portuguesa migrou temporariamente para a sua colônia na América e logo incomodou-se com a mudança de cenário, iniciando um processo de “europeização” do local por meio da incorporação de costumes, hábitos e valores do continente europeu. No entanto, havia uma regulação de quem poderia ter acesso a esses elementos culturais, bem como acontece hodiernamente no Brasil, no qual percebe-se o enraizamento de fatores quanto às questões de acesso à cultura. Em primeiro lugar, é crucial destacar o fato de que o próprio sistema capitalista limita o acesso a determinados tipos de cultura. Segundo Zygmunt Bauman, o ato de consumir tornou-se intrínseco aos seres humanos, assim como uma condição de existência. Nesse sentido, nota-se que os meios responsáveis por difundir práticas culturais, como os cinemas, teatros, museus e afins, baseados na lógica do lucro, exploram essa concepção consumista da sociedade e estipulam preços para a entrada, o que marginaliza uma boa parte da população. Ademais, evidencia-se uma profunda desvalorização de culturas no Brasil aliada a um incentivo Estatal brando. O processo de aculturação, intensificado pela instalação de multinacionais, tem inibido veementemente as culturas tradicionais brasileiras, assim como estabelece novos paradigmas, como ocorre na indústria musical. Além disso, o fato do próprio governo negar-se a pagar os profissionais artísticos, a exemplo do que ocorre no Rio de Janeiro, corrobora para com um gradativo enfraquecimento da prática em questão. Fica claro, portanto, a existência de problemas quanto ao acesso da cultura no país e a urgência de necessidades para findá-los. O Governo Federal, aliado ao Ministério da Cultura, deve criar projetos de incentivo aos meios culturais, como a instituição de museus públicos que permitam a exibição das variadas manifestações locais, o estabelecimento de locais para a transmissão de filmes de forma gratuita, além de regulamentar o trabalho dos profissionais da área. Outrossim, ONGs podem desenvolver saraus a fim de expor a relevância das culturas raízes do Brasil em escolas, praças públicas e comunidades de forma interativa e espontânea. Assim, esse mal advindo desde o período colonial dissolver-se-á da nossa sociedade.