De acordo com Platão, o mundo intelígivel é aquele no qual há o fortalecimento do discernimento crítico do indivíduo. Nesse sentido, a produção cultural pode ser associada ao raciocínio platônico, uma vez que influencia não só no aprimoramento da racionalização como também no de novos talentos artísticos. Todavia, mesmo com seu poder de transformação, o acesso à cultura enfrenta desafios no Brasil. A priori, é indubitável inferir que, conforme demonstra Machado de Assis, na figura de Brás Cubas, havia, no século XVIII, meritocracia social. O pensamento machadiano poderia existir atualmente, pois há benefícios prestados à alta classe, no que tange ao desenvolvimento da produção cultural, e precariedade de tais recursos proporcionados à baixa classe. Desse modo, os mais pobres disseminam a cultura e a arte por meio de pixações e gravites, por não possuírem outros mecanismos para desenvolvê-las, muita das vezes, fazendo com que sejam considerados delinquentes, sobretudo, pelo Estado. Tal realidade encontra-se nos dados da Unesco, a qual relata que grande parte dos municípios não têm acesso à espaços culturais. A posteriori, é importante salientar que todos possuem liberdade de expressão para portarem-se, segundo a Constituição Federal. Entretanto, são diversas as formas artísticas, principalmente no que diz respeito à música, ao teatro e à literatura, que são criticadas de maneira a criar-se estereótipos devido ao não reconhecimento social adequado da pluralidade cultural e artística.Logo, denigre-se o direito de expressar-se dignamente de muitos artistas, essa visão irracional persiste devido à elitização governamental dos movimentos culturais que dão maior lucro estatal e ao escasso investimento à aqueles que não o beneficiam da mesma forma. Entende-se, portanto, que medidas fazem-se necessárias para solucionar a desigualdade presente no acesso à cultura. Em primeiro plano, o Ministério da Educação é primordial para revigorar o ensino da arte e da cultura, fazendo com que elas sejam obrigatórias no currículo mínimo estudantil, visando aprimorar a racionalização crítica dos alunos. Em segundo plano, o Poder Executivo Municipal, dos municípios brasileiros,devem viabilizar políticas públicas que tenham como objetivo desenvolver a produção artística,sobretudo, nas periferias, aplicando palestras de teatro, dança e literatura com profissionais das áreas. Somente assim, o raciocínio platônico poderia existir no Brasil, com medidas que visem o acesso cultural.