O projeto Arte Educação, mantido pelo Museu Vale desde 2001, realiza um trabalho de grande importância, uma vez que promove o contato de crianças e adolescentes de baixa renda, principalmente, com a arte contemporânea. Contudo, iniciativas como essa ainda são insuficientes para democratizar o acesso à cultura no Brasil. Nesse contexto, é válido abordar a deficiência do acesso à internet e das grades curriculares anacrônicas como potencializadores de um conhecimento cultural escasso. Em primeiro plano, cabe dizer que a rede digital é reconhecida pela Unesco como um importante meio de disseminação das diversas expressões culturais. Entretanto, de acordo com um estudo feito pelo PNAD - Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios-, apenas 54,9% das residências brasileiras possuem acesso à internet, sendo as regiões Norte e Nordeste detentoras dos menores percentuais. Dessa forma, grande parte do contingente populacional restante, majoritariamente de classe baixa, encontra-se excluída do rico conteúdo cultural disponibilizado nesse meio, o qual pode apresentar-se em livros online, filmes, textos, imagens ou músicas. Ademais, além da falta de democratização do acesso ao ambiente digital no Brasil, a estrutura rígida do ensino também dificulta um maior contato dos mais jovens com a produção culturtal no país. Muitas escolas, ao programarem seus calendários anuais, parecem esquecer, ou ignorar, a importância de expor os alunos a atividades práticas acerca do conteúdo ensinado em sala para prender o interesse destes pelo conhecimento, em detrimento da saturação com conteúdos teórico-abstratos, abordada por Rousseau em " Emílio, ou Da Educação". Diante disso, a maioria dos estudantes no país é pouco estimulada a se envolver com experiências lúdico-culturais, o que os impede de se interessar e descobrir novas habilidades ou paixões. Fica claro, portanto, a fato de muito ainda precisar ser feito a fim de garantir o contato de todos com a produção cultural no Brasil. Com esse objetivo, o Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura, pode insistir em parcerias com a iniciativa privada, nas quais esta seja estimulada a disponibilizar banda larga em velocidade adequada em regiões mais periféricas em troca de isenções tributárias por todo o território nacional. Além disso, líderes de instituições de ensino podem atuar organizando atividades, como visitas a teatros e museus, exibição de filmes ou documentários em sala e feiras culturais, para as quais sejam convidados artistas dispostos a demonstrar e incentivar o gosto por funções relacionada à arte nos alunos, em consonância com o conteúdo teórico dado em aula. Assim, estaremos contribuindo para uma maior valorização e conhecimento de bens culturais no país.