Título da redação:

Privilégio de poucos

Tema de redação: O acesso à produção cultural em questão no Brasil

Redação enviada em 29/07/2017

Em pleno Renascimento, no século XV, a Itália vivia a cultura do mecenato, o qual restringia o acesso e a produção artística do renascimento apenas para a população mais abastada. Nesse sentido, apesar do Governo brasileiro, consoante o artigo 215 da Constituição, ter o dever de garantir os direitos culturais, como o acesso e o apoio as produções, esses princípios, por vezes, são desrespeitados, de modo que o acesso a cultura no Brasil se assemelha com a cultura do mecenato italiano, uma vez que o contato com a produções culturais ainda é privilégio de poucos. A filósofa brasileira Marilena Chauí disserta que a responsabilidade de ampliar o acesso à produção cultural é um dever estatal. Nessa perspectiva, o Estado falha com o seu compromisso, já que não existe a democratização e a melhor distribuição geográfica do espetáculos culturais: peças de teatro, exposição artística e apresentação de dança, por exemplo. Isso significa dizer que a realização dessas atividades, em sua grande maioria, são realizadas no centro da cidade, longe da periferia, de maneira que dificulta a locomoção da população pobre para estes espetáculos. Somado a isso, o Governo não fornece transporte público fácil,seguro e barato para a população, por isso existe um desencorajamento na participação das iniciativas culturais. O resultado dessa falta de política pública se expressa no último senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o qual apurou que 78% dos brasileiro nunca viram um espetáculo artístico. Ademais, deve-se garantir o acesso intelectual da população, ou seja, o Estado deve formar um público e agentes intelectuais, os quais estão em processo contínuo de aprendizagem e conhecimento das diferentes linguagens artísticas, capazes de transmitir o seu conhecimento para outras pessoas. Nesse contexto, o aparato estatal não consegue garantir o acesso intelectual cultural, por que desde o colégio não existe um incentivo ao estudo das artes e a produção artística, em vista disso poucos brasileiro sabem analisar de maneira crítica uma manifestação cultural, muitas das vezes vista como entediante. Além do mais, os livros, os quais deveriam ser democratizados e participantes do processo de aprendizagem, conforme o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, 73% deles estão nas mãos de 16% da população, de fato que essa desigualdade dificulta também o acesso intelectual cultural da população. Em vista dos problemas citados, o Ministério da Educação deve propor nas escolas um incentivo à produção artística, ou seja colocar como grade extracurricular o ensino das diferentes manifestações culturais das diversas regiões do Brasil, com o objetivo de incluir os estudantes e ensiná-los as diferentes expressões artísticas. O governo municipal deve criar revistas sem cunho político capazes de fornecer informações históricas e artísticas do país e do mundo, esse material deve ser gratuito para todas as famílias. Além disso, o governo estadual deve aproximar as apresentações da periferia, como a construção de anfiteatro e galerias na região. Desta forma, a participação e o acesso a produção cultural não será mais um privilégio de poucos.