"Cultura refere-se tanto ao modo de vida total de um povo, quanto ao processo de cultivo e desenvolvimento mental, subjetivo e espiritual, através de práticas e subjetividades específicas, comumente chamadas de manifestações artísticas”, afirma José Márcio de Barros, graduado em Ciências Sociais na UFMG, mestre em Antropologia Social pela Unicamp e doutor em comunicação e cultura pela UFRJ. Partindo deste pressuposto, fazem parte do processo cultural o acesso a cinemas, museus, exposições de arte, livros, bibliotecas e a internet. O problema é que grande parte da população brasileira não tem contato com movimentos culturais. Nesse contexto, observa-se que a produção cultural no Brasil sempre foi voltada para as elites. Um exemplo é a escola literária do Romantismo, que tinha como público alvo a burguesia ascendente; nota-se também que movimentos reformistas como a Semana de Arte Moderna de 1922 tinha a participação das classes altas, ficando as classes sociais mais abastardas as margens. Com a análise histórica da produção cultural percebe-se que ela sempre visou atingir as elites, e que tal fato ainda não foi revertido, já que a popularização do acesso cultural tornou-se algo difícil de ser atingido. Ademais, o contato com as produções culturais é considerada uma necessidade básica e direito dos cidadãos pela UNESCO, além de ser prevista na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e na Constituição Federal (1988). Diante disso, o Governo Federal garante um Vale-Cultura de R$ 50,00 para pessoas com renda mensal de até cinco salários mínimos, com o qual o trabalhador pode ter acesso a teatros, cinemas, museus, entre outros espetáculos variados. Entretanto, grande parte da população não sabe da existência de tal projeto social, não usufruindo de tal benefício. Diante do exposto, infere-se que o acesso a produção cultural é direto de todos e por isso deve ser popularizada. Sendo assim, é viável que os meios de comunicação de massa veiculem propagandas publicitárias que expressem a importância da participação popular nos movimentos culturais, bem como relatarem a existência do Vale-Cultura, aumentando o conhecimento social sobre ao assunto. Outrossim é importante que a União, Estados e Municípios destinem verbas para a construção de cinemas, museus e bibliotecas que tenham como público alvo as classes médias e baixas, popularizando o acesso a cultura. Só dessa forma o acesso a produção cultural brasileira tornara-se homogênea.