Dois grandes problemas que interferem na questão do acesso à cultura e que o Brasil enfrenta desde sua descoberta talvez sejam o poder político concentrado nas mãos das elites e a falta de planejamento para o país através das políticas públicas. O poder concentrado nas mãos das elites interfere no acesso à cultura na medida em que elas estipulam como parâmetro cultural os seus valores e ideias – taxando o funk, por exemplo, como um ritmo musical ruim porque origina-se nas classes mais baixas, ao passo que vangloria músicas eruditas que só uma parcela pequena da população tem acesso – e por cobrarem altos preços pelos produtos e serviços, quando donos dos locais culturais, o que impede o acesso dos mais pobres. Além disso, é intencional por parte das elites que a população não tenha acesso à cultura, pois isto faria o povo pensar, questionar, ver sob novos pontos de vista – que é o papel da arte – o que seria desastroso para a manutenção do status quo. Por fim, uma vez que as elites são também donas dos meios de produção, as altas jornadas de trabalho impostas ao trabalhados somadas à longa viagem do trajeto casa-trabalho desestimulam o aperfeiçoamento intelectual e a busca por cultura. Já a falta de planejamento público para acesso à cultura no Brasil pode ser resumida em alguns pontos, como a falta de incentivo ao cinema nacional de forma a valorizar a cultura brasileira – como Hollywood faz com a cultura estadunidense, por exemplo – falta de políticas que visem combater a ideia de que o estudioso é excêntrico e mal quisto pelos outros, ao contrário do mau aluno descolado, o que gera em alguns jovens o desinteresse pela cultura, falta de apoio para produções artísticas e cobrança de impostos sobre livros, filmes teatros e outras atividades artísticas. Assim, não podemos esperar que o setor privado seja proativo nessa questão, contudo, se o fizer, será para propagar sua cultura e modo de vida. Portanto, cabe ao governo federal eliminar impostos sobre atrações culturais e criar um programa de apoio a membros da sociedade que desejem fazer caravanas pelo país levando cinema, arte e livros a quem não tem acesso, além, é claro, de fortificar os programas já existentes. Cabe também a cada um de nós estimular o acesso à cultura presenteando, por exemplo, amigos com livros, ingressos para museus, teatros e outras atividades culturais.