O acesso à cultura, na acepção da palavra que remete às artes e aos eventos, não tem sido garantido à população brasileira de forma satisfatória. Isso pôde ser comprovado por meio de uma pesquisa da Unesco, que mostrou o quão ausente a maioria dos brasileiros está de locais como museus, exposições de arte e teatros. Esse distanciamento é prejudicial, um vez que limita a capacidade intelectual das pessoas. Assim, essa realidade se mostra como um problema que precisa ser enfrentado pelo Poder Público. Em um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), os principais fatores apontados pelos entrevistados como os que mais obstam o acesso à cultura no Brasil são os altos preços, a barreira social e a distância dos locais onde os eventos são realizados. Analisando-os, percebe-se que são frutos da forte desigualdade social brasileira aliada ao descaso dos governantes com relação à democratização cultural no país. Ademais, a dificuldade de acesso à cultura não se deve apenas a aspectos físicos, mas também ao nível de instrução da população, de forma que a valorização das artes e de outros tipos de manifestação cultural é proporcional a qualidade da educação oferecida no país. Essa relação conforma-se ao pensamento do filósofo Immanuel Kant: “o homem não é nada além daquilo que a educação faz dele”. Destarte, fica evidente que a democratização cultural depende de ações de incentivo que possibilitem o acesso a esse universo e despertem nas pessoas o interesse de explorá-lo. Com base nos argumentos apresentados, medidas são necessárias para mudar a situação. Logo, cabe ao Poder Legislativo, em âmbito Federal, desenvolver uma lei que conceda descontos para eventos culturais de acordo com o poder econômico dos indivíduos. Ademais, o Poder Executivo deve, por meio do Ministério da Cultura, financiar a promoção de manifestações culturais de forma territorialmente descentralizada. Por fim, o Ministério da Educação precisa disponibilizar cursos de aperfeiçoamento de docentes com a finalidade de formar professores capacitados, capazes de despertar o interesse dos alunos e de suas famílias na área das artes e da cultura. Dessa forma, haverá uma maior democratização cultural, a qual resultará em uma população mais crítica e pensante.