O personagem, Jaborandi, da peça de teatro de Osman Lins, Lisbela e o Prisioneiro, é um aficionado por seriados que eram transmitidos em grandes tendas na cidade, na década de 60. Na peça, as dificuldades de Jaborandi, em conciliar seus horários de trabalho com os das transmissões dos seus seriados foram apresentadas, sendo que, muitas vezes, ele era impedido de assistir ao programa por conta de seu emprego. Hoje, mais de 50 anos depois da publicação da peça, o brasileiro ainda tem dificuldade no acesso à produção cultural. E foi visando à ampliação do acesso ao lazer que o Ministério da Cultura criou o Vale-Cultura, que é concedido pelo empregador ao contratado, no valor mensal de cinquenta reais. Entretanto, esse valor não é satisfatório, já que, segundo uma pesquisa da EESP (Escola de Economia de São Paulo), o Brasil tem o quarto ingresso de cinema mais caro do mundo, por isso, somente uma ínfima parte da população frequenta o cinema uma vez ao ano. Além de o cinema ser caro, os livros, no país, também o são, em relação aos salários recebidos pelas classes mais baixas e do valor fornecido pelo Vale-Cultura, sendo esse um dos motivos pelos quais o brasileiro não tem o hábito da leitura. Outro motivo é o fato de que o número de bibliotecas públicas é muito reduzido, havendo até cidades que não as têm e as que as possuem, têm um acervo muito reduzido e em más condições. Em vista disso, é necessário que o Ministério da Cultura e o Ministério da Educação atuem em conjunto na instalação de novas bibliotecas públicas e na recuperação dos acervos já existentes, a fim de estimular o hábito da leitura, ao oferecer um ambiente convidativo para a tal. Ademais, os governos estaduais e municipais deveriam fazer uma parceria para a construção de novos teatros para a apresentação de números de dança e música, dentro de valores acessíveis à população, visando ampliar a freqüência da população nesse tipo de estabelecimento.