Título da redação:

Herdeiros da pluralidade

Tema de redação: O acesso à produção cultural em questão no Brasil

Redação enviada em 25/07/2017

A civilização romana atuava sobre o conceito da “paideia”, que era uma educação de caráter não só acadêmico, como também politizador. Entretanto, embora a educação fosse multifacetada, o acesso a esse tipo de cultura era restrito a elite. Não dissonante dos ítalos, a atual conjuntura vivencia um panorama similar, em que determinados tipo de culturas são restritas a classes especificas, tornando- as impenetráveis para os demais grupos e obtendo caráter segregador na nossa sociedade. O filósofo prussiano Immanuel Kant dizia que “o ser humano é aquilo que a educação faz dele”. Portanto, promover cultura a todos os cidadãos é uma forma incentivar e impulsionar educação, porque conforme o ser humano tem acesso a ela, ele se torna capaz de modificar sua vida, ele se forma um ser mais crítico e com a capacidade de rejeitar ou aderir àquela filosofia pra sua vida. Como foi o caso de um projeto musical realizado no Estado de Pernambuco, onde as crianças carentes tiveram contato com música clássica erudita, por meio de apresentações gratuitas em comunidades, que resultou na formação de um novo grupo musical, nomeado “orquestra meninos do coque”, cuja finalidade é difundir a música pelo mundo. Além do fato desse projeto funcionar também como modificador social, para as crianças que já se encontravam em práticas ilícitas. No Brasil, grandes são os percalços que impossibilitam o acesso às variadas manifestações cultural para o publico com menos recursos. A ausência de âmbitos culturais, os preços ultrajantes de ingressos, a discriminação de gêneros artísticos vinculados à classe econômica, entre outros. Todos esses fatores resultam na existência de uma sociedade que perde paulatinamente sua visão periférica, tornam-se indivíduos unidimensionais e alienados. Práticas governamentais como “Vale Cultura”, são medidas que têm por finalidade atenuar a inacessibilidade das pessoas frente à diversidade cultural. Porém essa ação deve ser apenas o prólogo de uma série de medidas que promovam a expansão do acesso cultural no país. Logo, é primordial que o Governo Federal aliado à esfera municipal e estadual, elaborem um plano de implementação que atue na construção de maiores eventos culturais gratuitos, e a criação de novos locais que promovam manifestações artísticas, como cinemas, teatros, entre outros. Soma-se à isso a realização de parcerias publico-privada, que ocasione aplicação de campanhas de abrangência nacional junto à emissoras abertas de televisão como uma forma de estímulo aos eventos, em detrimento da redução dos preços de obras literárias e ingressos para espetáculos considerados elitistas. Com o fito de promover massificação e diversidade nas apresentações de todo o gênero. É “sine qua non” a atuação de grupos como APAE (Associação de Pais e Amigos Excepcionais) que juntamente com a educação escolar e familiar que têm papel nevrálgico nesse processo, possam desenvolver mecanismo de diálogos, projetos e campanhas sociais, no intuito de formar cidadãos comprometidos com a heterogeneidade, pois como dizia Fernando Penna, professor da Universidade Federal Fluminense “ a base da educação é a pluralidade cultural”.