O acesso à produção cultural se dá por diversas formas. O simples ato de ir ao cinema assistir a um filme, uma visita a um museu de artes ou a leitura de um livro são algumas delas. Desses exemplos, a arte literária foi uma das primeiras manifestações culturais genuinamente brasileiras. Ocorreu quando o Brasil ainda era colônia portuguesa e se estendeu à música, à pintura, à escultura e à arquitetura daquela época. O Brasil é um país continentalmente cultural, porém ainda pouco "explorado" pelos habitantes. Sendo o país tão rico culturalmente, já que conta com mais de 500 anos de história, como explicar, por exemplo, por que o brasileiro lê tão pouco? Os principais motivos – conforme dados do IBGE – são: a distribuição desigual de renda; o analfabetismo, inclusive funcional, de quase 30 milhões de pessoas; a falta de estímulo em casa e na escola; a carência de pontos de venda e de bibliotecas públicas; e o alto número de crianças e adolescentes fora da escola. É possível deduzir que a educação formal, realizada por meio da escola, condiciona – na maioria das vezes – a buscar/produzir cultura, ou seja, é ela que é capaz, através de métodos pedagógicos, de incentivar seus alunos a criarem hábitos de leitura e de participação em eventos teatrais/musicais, fazendo-os – além de conhecedores – geradores de bens culturais. Nesse sentido, parafraseando Robert Kiyosaki, co-autor do livro "Pai Rico, Pai Pobre", surge a dicotomia "Pai que lê, Pai que não lê". É notória a interferência familiar no hábito da leitura. Um estudo da Universidade de Nova York, divulgado em 2016, mostra um aumento de 14% no vocabulário e de 27% na memória de trabalho de crianças cujos pais leem para elas pelo menos dois livros por semana. É preciso, portanto, estimular o hábito da leitura, desde a infância. Programas como o Família que Acolhe, realizado pela Prefeitura de Boa Vista (RR), que inclui leitura interativa diária pelos educadores, em creches, ou o empréstimo de dois livros por semana para serem lidos pelos pais, é uma excelente ferramenta de participação estatal e familiar para enfrentar o problema de acesso à cultura. Outra forma de inclusão, seria a criação, com apoio do Poder Legislativo, de Lei que reservasse, na TV aberta, assim como o horário eleitoral obrigatório, o minuto cultural obrigatório. Seriam pequenas reproduções audiovisuais que trariam fatos culturais, preferencialmente nos horários das refeições, para estimular o intercâmbio de informações no seio familiar.