Título da redação:

Das elites para as elites

Tema de redação: O acesso à produção cultural em questão no Brasil

Redação enviada em 26/08/2017

Machado de Assis em sua obra “a mão e a luva”, do século XIX, retratou as idas constantes da personagem Guiomar aos teatros e óperas restrito às elites. Dois séculos depois a realidade não é tão diferente, haja vista a centralização dos espaços culturais nas capitais, bem como a educação que não fornece cultura erudita. Tais fatores potencializam a inacessibilidade à cultura no Brasil. A nuance prévia deve-se as barreiras geoeconômicas para acessar as manifestações artísticas. À vista disso, a distribuição nada homogênea de espaços culturais impõe muros para classes baixas, posto que apenas 10,4% dos municípios brasileiros possuem ao menos um cinema, segundo o IBGE. Nesse espectro, o quesito preço e disponibilidade são fundamentais para o alcance das classes C,D e E. Por conseguinte, para possibilitar a ida das periferias ao centro, por exemplo, é imprescindível transportes, assim como eventos com preços populares ou gratuitos. Uma vez que o acesso à cultura no brasil relembra o movimento barroco da literatura, feito pelas elites para elites. Em dicotomia, pouco adianta fornecer o contato cultural sem uma preparação intelectual para entendê-lo. Em tal tocante, a escola exerce um papel de suma importância na disseminação de conhecimento, pois distribui de maneira democrática o conteúdo. No entanto, Pierre Bourdieu, sociólogo francês, denominou “capital cultural” uma espécie de moeda para acentuar a estratificação social, visto que crianças nascidas em famílias ricas teriam proximidade com a cultura erudita, logo, tendo essa base sairia à frente das crianças pobres. Sendo assim, no contexto escolar, o estudo erudito é essencial para promover a equidade na compreensão de outras culturas. Depreende-se, portanto, que há muito caminho a ser trilhado para modificar esse cenário. Todavia, a intervenção do Governo, por intermédio do Ministério do Transporte, é primordial ao inserir linhas gratuitas e exclusivas para eventos culturais específicos, ao menos para as famílias de baixa renda. Ademais, o Ministério da Cultura, por meio das secretarias de cultura estaduais e municipais, deve promover mais movimentos gratuitos visando as classes baixas, ambas ações com o fito baratear o custo e promover mais acessibilidade. Além disso, mediante o MEC, dentro das escolas deve ser implementado nas disciplinas de sociologia, tanto quanto nas outras ciências humanas, o estudo do manifesto erudito a fim de atenuar as discrepâncias quanto ao conhecimento multicultural necessário ao cidadão.