Título da redação:

"Da favela quase não dá pra te ver"

Tema de redação: O acesso à produção cultural em questão no Brasil

Redação enviada em 29/09/2017

Desde a Grécia Antiga, mesmo com o ideal democrático, não eram todos que tinham acesso aos mesmos privilégios; hoje, no Brasil, a situação é semelhante. A desigualdade faz-se presente não apenas no contexto financeiro, mas também no acesso à produção cultural e, tal restrição, sobretudo, nas periferias, por vezes, une-se à marginalidade. Tal conjuntura é intensificada, ainda, por uma sociedade que, além de valorar apenas e, em suma, o conhecimento lógico-matemático, desconhece as próprias origens frente a um mundo onde o capitalismo e a apropriação cultural seguem de forma desenfreada. Na República Oligárquica, com a influência da arquitetura francesa, os morros e periferias passaram a ser ocupados pelos antigos habitantes dos famosos cortiços, descritos pelo romancista Aluísio de Azevedo. Na contemporaneidade, tais lugares, cerceados por morte e violência, abrigam pessoas nas quais buscam, nas artes, tanto fuga de tal realidade, quanto expressão social. Todavia, as barreiras para a realização disso, iniciam-se, em muitos casos, nos núcleos primários e secundários de socialização, iniciando pela desestruturação nas famílias e escassez de projetos e espaços destinados à prática. Além disso, na "Dialética do Iluminismo", texto escrito por Adorno e Horkheimer, surge pela primeira vez o termo "Indústria Cultural" em que, os meios de comunicação de massa são a produção de cultura com fins lucrativos e mercantis. Assim sendo, empresas, visando o lucro, transcendem toda e qualquer distinção natural, fomentando, inúmeras vezes, a desigualdade social, além de esterilizar a diversidade brasileira para atender às demandas da produção e do consumo capitalista. Ademais, a valoração não é dada ao ato de fazer cultura, e sim ao de ganhar dinheiro. Isso é identificado nas próprias escolas, por exemplo, afinal, muitas sequer dispõe de projetos extracurriculares, como o teatro e a dança. Logo, muitos desistem de fazer aquilo que gostam e seguem na busca de algo que possa dar maior retorno financeiro, a exemplo do endeusamento dado a alguns cursos superiores, como Medicina. Torna-se necessário, portanto, o Estado, por intermédio do MEC, ao invés de educar do ponto de vista eurocêntrico, dar mais enfoque à diversidade nacional, com aulas e palestras a fim de destacar a formação cultural brasileira e como essa é expressa nas diferentes regiões do país. É imprescindível, ainda, haver a criação e efetivação de projetos extracurriculares, nas escolas, envolvendo dança, música, teatro e literatura e, em parcerias com ONGs, expandi-los às áreas periféricas. Por fim, a mídia, devido ao seu alcance populacional, deve, por meio de sua grade de horários, dar mais destaque à cultura brasileira, na criação de campanhas publicitárias, matérias jornalísticas ou apresentações em programas. Dessa maneira, haverá mais democratização, não apenas no acesso à produção cultural, assim como no fortalecimento da heterogeneidade do país.