Para conter os distúrbios sociais, o Estado romano criou a política do pão e circo a qual possibilitava o acesso à produção cultural ao passo que alienava os plebeus. Por outro lado, observa-se no Brasil que o conformismo da população perante a realidade socioeconômica do país não gera desconforto aos governantes a ponto de necessitarem controlar a massa. O Cine Belas Artes foi inaugurado em 1967, com a intenção de promover o cinema cultural. Após a reforma do local, as salas foram batizadas com nomes de grandes artistas brasileiros. Além disso, hoje, o Caixa Belas Artes financia projetos de cinema móvel gratuito para as cidades do interior. No entanto, há mais de 50 anos, o cinema fixo continuou apenas na cidade mais rica do país. Além do mais, de acordo com o filósofo e sociólogo Herbert Marcuse, "A cultura de massa reforça a repressão política." Com base na máxima de Marcuse, um teatro machadiano pode ser visto pela massa, contudo, só será interpretado pela parcela que possui determinada formação intelectual para compreender a peça e não ser reprimida. Logo, o acesso à cultura é ineficaz se não atrelado a formação educacional. Ademais, a desvalorização da cultura no Brasil tem sido ligeira, tanto por meio dos baixos salários de bailarinos e escritores quanto pelos altos custos de espetáculos e livros. Aliás, esse fator tem selecionado o destino da produção cultural, enquanto a classe menos favorecida é excluída desses costumes e permanece à mercê de projetos de cinema gratuito. Portanto, para possibilitar o acesso à produção cultural, é indispensável o incentivo do governo às empresas a investirem em cultura e educação, bem como a Caixa Econômica Federal. Em curto prazo, cabe à mídia realizar campanhas de leitura e orientação à família sobre a importância desse costume na construção crítica e intelectual do indivíduo. Em longo prazo, as prefeituras devem investir na ampliação de suas bibliotecas municipais com o intuito de promover livre acesso. Afinal, somente a educação e a cultura livrará os indivíduos da contemporânea política do pão e circo.