Título da redação:

Cegueira da Razão

Tema de redação: O acesso à produção cultural em questão no Brasil

Redação enviada em 01/09/2017

“Como é que irão viver os que virão depois, já que a única coisa que importa é o triunfo do agora? ” Esse questionamento do escritor José Saramago leva à conclusão de que há de fato, como afirma o pensador português, uma “cegueira da razão”. Nessa lógica, cabe analisar o atual cenário do acesso à cultura no Brasil. Esse que é um desafio para um país que, há quase trinta anos, possui o ministério da cultura com a finalidade de promover o patrimônio material e imaterial do país. No entanto, cabe pensar até que ponto existe tal acesso aos cidadãos brasileiros. Em um primeiro olhar, percebe-se que, no país, há inúmeras subculturas, etnias e grupos sociais que possuem seus próprios conjunto de tradições. Nesse sentido, é relevante pontuar que democratizar a cultura em uma nação tão heterogênea, é, então valorizar todas as manifestações, garantindo que todos grupos sejam contemplados. A ideia do imediatismo que, como defende Saramago, cega o pensar, compreende-se em uma sociedade que paulatinamente torna-se cega às suas origens. Logo, verifica-se que, nem sempre, a aproximação a toda essa diversidade é tão presente, deixando a aquarela brasileira, apenas na letra da música. Outro ponto, cuja perspectiva exige olhar atento, é o fato de que o acesso à cultura envolve vários aspectos: o físico, que implica na melhor distribuição geográfica dos equipamentos culturais e transporte fácil a todos e o aspecto econômico, que diz respeito aos custos de participar da vida cultural de uma cidade. Isso significa que, tais questões precisam ser amparadas, tanto para a criação, quanto ao consumo, sendo assim, acessíveis a todos. Vale ressaltar, neste caso, que além disto, é preciso conceder o acesso intelectual que possibilitará uma compreensão mais profunda de um produto cultural. Em síntese, pressupõe dois trabalhos: a formação do público e o criador. É necessário, portanto, que o poder público estabeleça como meta a democratização do acesso à cultura no Brasil. Para isso, torna-se imprescindível a parceria entre ministério da cultura e prefeituras, no planejamento de uma melhor distribuição geográfica dos equipamentos culturais, além de priorizar o transporte acessível a todas comunidades não atendidas. Ademais, as instituições, como família e escola, devem reforçar o incentivo e o apoio aos programas artísticos, criando hábitos desde a formação do indivíduo. Resgatando, assim, o colorido no sentido da visão e como cantado por Ary Barroso na história Aquarela do Brasil.