Título da redação:

As pessoas na sala de jantar

Tema de redação: O acesso à produção cultural em questão no Brasil

Redação enviada em 13/08/2017

Em seu livro “O povo brasileiro” Darcy Ribeiro trata do medo que a elite dirigente do Brasil alimenta de uma possível ascensão das classes oprimidas do país. Nessa perspectiva, lançando um olhar sobre os produtores e consumidores da produção cultural e artística brasileira, veremos uma reflexão desse medo projetado pela elite. Em uma tentativa de engessar a mobilidade social e perpetuar a alienação das classes menos abastadas, a alta sociedade brasileira clama a produção cultural do país para si e monopoliza o seu acesso. Segundo a Unesco, a média de preços de livros no Brasil é elevada levando em consideração as classes menos favorecidas e existe uma má distribuição e escassez de bibliotecas públicas no país. A exemplo da distopia retratada em “Fahrenheit 451” de Bradbury, a população que é privada de leitura e ideias desafiadoras se torna alienada e incapaz de se emancipar. Não surpreendentemente, o efeito do acesso elitizado à leitura na sociedade brasileira se assemelha à distopia de Bradbury: o não consumo de livros impede o desenvolvimento de um pensamento crítico e perpetua a desigualdade social. Paralelamente, a parte da cultura que é acessível universalmente dentro do Brasil faz parte da Indústria Cultural que, segundo Adorno e Horkheimer, priva de qualquer realização crítica os seus consumidores. Assim, pensada em um viés mercadológico, a única forma de produção cultural acessível é mais uma forma de controle social. Em suma, a elite brasileira exerce o seu controle sobre a produção cultural do país de forma a reafirmar-se no poder. Ainda, a democratização do acesso à cultura se faz necessária para equipar os cidadãos com senso crítico, estreitando o abismo da desigualdade social do nosso país. Para isso, medidas como o Vale-Cultura devem ser mais divulgadas, permitindo que trabalhadores assalariados utilizem do benefício para consumir bens culturais e verbas destinadas a criação de bibliotecas públicas devem ser concedidas pelo Poder Executivo, permitindo o acesso aos livros para toda a população. Ademais, o Ministério da Educação junto com o Ministério da Cultura devem reestruturar o plano curricular da educação, incluindo mais incentivos a leitura e ao consumo da produção cultural, criando um hábito de leitura nos jovens e tornando-os cidadãos ativos tanto no consumo quanto na produção da cultura e arte brasileira.