No século XIX, os teatros, que predominavam na época, eram ambientes "moldados" para a elite, devido os preços e à arquitetura, o qual determinava locais específicos para negros e mestiços nos fundos. Esta falta de acessibilidade, em que só uma minoria tem contato, ainda persiste na realidade brasileira, em razão da ausência de investimentos, na produção cultural, por parte do Estado. Dessa forma, cria-se um "abismo" entre as benesses da cultura e a população. O investimento diminuto, no desenvolvimento da cultura, é um dos principais fatores que a impedem de ser democratizada. A tentativa de acabar com o Ministério da Cultura, no começo de 2017, exemplifica o descomprometimento do Estado quanto a um direito da sociedade. Com isso, fica evidente que a produção cultural e seu incentivo não são metas do Governo para o presente nem para o futuro, tornando, portanto, a ideia de acessibilidade algo utópico. Parafraseando o escritor argelino Albert Camus, esse afirmava que a ausência da cultura, na sociedade, a transformaria numa selva. Nesse sentido, o baixo número de teatros e cinemas, como também o grande percentual da população que não possui acesso à internet, em torno de 52%, de acordo com o Datafolha, permite que a maioria populacional desconheça os benefícios que a cultura proporciona. Destarte, contribui-se para que a comunidade brasileira construa-se a partir da ignorância e de uma mentalidade social retrógrada. Em virtude dos fatos mencionados, fica explícito a necessidade de mudanças a fim de democratizar a cultura no país. Para isso, cabe ao governo federal, representado pelo Ministério da Cultura, investir na produção cultural por meio do financiamento da peças teatrais, shows e exposições em museus, como também a reformulação de programas governamentais já existentes, a exemplo do vale-cultura, aperfeiçoando-os com mais vantagens e descontos. Somente assim, tem-se a possibilidade de mitificar a restrição ao que é cultural e deste modo viabilizar a todos o que lhe é de direito.