O escrito modernista Graciliano Ramos evidenciou em sua obra “Vidas Secas” a dificuldade e o desespero dos personagens para conseguir uma moradia, tendo de enfrentar a fome e a seca do nordeste brasileiro. Contudo, este obstáculo não se restringe a literatura nem tão pouco ao nordeste, sendo, atualmente, uma barreira nacional. É notório que no Brasil ocorreu um aumento do número de ocupações coordenadas por movimentos como o MST e o MTST, segundo dados dos próprios movimentos divulgados em suas páginas, mesmo com a elevação da quantidade de moradias que ocorreu, no país, nas últimas décadas. Assim, percebe-se que o conflito não está na oferta de casas, mas na má distribuição e gerenciamento delas, acarretando em invasões clandestinas e ilegais a prédios abandonados e em alguns casos degradados, podendo gerar morte por acidentes como ocorreu no desabamento de um prédio no Largo do Paissandu, no ano de 2018, em São Paulo. Ademais, como afirma o filósofo anarquista Prudont, ao dizer que toda a propriedade é um roubo, ele crítica a apropriação demasiada de uma minoria fazendo com que grande parcela da população não tenha acesso ao benefício do lar ou que necessitem arcar com valores abusivos para adquiri-las, assim como ocorria com a Lei de Terras, no reinado de Dom Pedro II. Isso torna a habitação legal uma adversidade e mostra que, assim como acontecia no passado a concentração de renda e território ainda se faz presente na atual civilização. Diante dos argumentos apresentados, providencias são necessárias para solucionar esse impasse. Cabe aos governos estaduais a fiscalização e a apropriação legal de imóveis que não estejam sendo utilizados, realizando reformas e a redistribuição do modo mais acessível, como a preços e juros baixos, para as pessoas que necessitam. Paralelamente a isto, o desenvolvimento, feito por partidos políticos, de projetos sociais como o “Minha Casa, Minha Vida” se faz imprescindível a fim de fornecer de maneira gratuita habitação aqueles que não dispõe de condição nenhuma para adquiri-las contribuindo assim para reduzir as ocupações e diminuir a desigualdade vigente.