Durante a 2ª Revolução Industrial, no século XIX, o empresário Henry Ford visava à produção e consumo em massa de seu automóvel. Talvez hoje ele percebesse sanada sua decisão, haja vista a aquisição exacerbada dos transportes motorizados no Brasil. Com isso, surge a problemática atual, uma vez que as cidades não acompanharam tal crescimento, instigando danosas consequências. Deve-se, então, analisá-las a fim de reverter o quadro e promover, sobretudo, o pleno "direito de ir e vir". A princípio, cabe salientar o viés histórico como contribuinte. A aplicação da legislação trabalhista no campo, na década de 60, corroborou para a mecanização da mão de obra e o êxodo rural. Desse modo, inúmeros trabalhadores ocuparam as periferias da metrópole. Assim, com o intuito de desfrutarem dos amparos fornecidos, constitucionalmente, como saúde, educação e lazer concentrados nas áreas centrais, fez-se necessária a locomoção por meio do transporte público coletivo. Gera-se, nesse sentido, o impasse que perdura até os dias atuais embasados pelo sucateamento dos ônibus, o qual fomenta a compra de veículos individuais, maximizando o congestionamento no trânsito. É fundamental ressaltar, portanto, os frutos da urbanização desestruturada. O governo do presidente Juscelino Kubitscheck optou pela construção de rodovias em detrimento do modelo ferroviário com objetivo de atrair empresas estrangeiras. Dessa maneira, somando todos esses fatores do passado, tem-se como legado o latente fluxo de carros, motos, caminhões e afins nas ruas incapazes de sustentar a grande quantidade, provocando engarrafamentos. Diante disso, há uma baixa qualidade de vida e estresse, ocasionando acidentes e brigas no tráfego. Entende-se, em vista disso, que medidas são pertinentes em prol de solucionar a questão. Em primeiro plano, convém a iniciativa de uma parceria do Governo Federal com os municípios, na qual o primeiro fornecerá verbas em virtude da criação de um projeto para a adaptação estrutural e suporte ao novo cenário nas "pólis", executado por engenheiros civis contratados e em curto prazo, como aumentar o número de ciclovias seguras, incentivando o uso de bicicletas e a construção de ferrovias, causando descongestionamento. Ademais, é válido, nesse projeto uma maior fiscalização na qualidade do serviço de transporte comunitário. Por fim, é conveniente que a mídia crie uma propaganda explicitando a importância de a população adequar-se ao plano das prefeituras. Somente, assim, será efetivado o real significado de mobilidade.