Título da redação:

O direito de ir e vir

Tema de redação: A mobilidade urbana no Brasil

Redação enviada em 17/11/2015

“Governar é abrir estradas”, a frase do célebre presidente Washington Luís materializou-se na sequência de investimentos governamentais para a articulação das regiões brasileiras. Assim, a partir da década de 1930, o Brasil adotou o modelo rodoviário como principal matriz de condução e escoamento das produções. A saturação das rodovias, entretanto, gerou uma crise de locomobilidade, devido aos congestionamentos e à ineficiência do transporte público. Nesse sentido, o relevante desafio é investir na mobilidade urbana, como alternativa para a locomoção nos grandes centros. A precária infraestrutura das vias públicas e o crescente número de veículos em circulação, nas cidades brasileiras, apresentam-se em contínuo descompasso. É evidente que esses fatores resultam na lentidão do tráfego e na diminuição da qualidade de vida, acarretando problemas de saúde, posto à constante inalação de poluentes atmosféricos. Logo, equilibrar o sistema modal, por meio da diminuição da circulação de automóveis, é uma obrigação, e não, uma opção. Ademais, o inchaço urbano impõe a necessidade de agilidade no deslocamento de pessoas, as quais dependem, majoritariamente, do translado coletivo. Todavia, há anos, os governos privatizam o transporte público, além de centralizar responsabilidades às empresas de ônibus, que visam apenas ao lucro, e não à qualidade do serviço. Constata-se, ainda, a diminuição de subsídios aos sistemas metroviário e ferroviário, diariamente superlotados e em extrema precariedade. Faz-se essencial, portanto, a redução de investimento em vias individuais de condução em prol da qualidade, diversificação e eficiência do transporte público. A reestruturação da mobilidade urbana constitui-se em um desafio ao Estado e à sociedade, em decorrência do excesso de veículos nas ruas e do deficitário deslocamento coletivo. Diante disso, as empresas privadas e o Estado devem expandir os sistemas de metrôs e trens, investindo na quantidade de linhas, na integração dos meios de circulação de pessoas, no conforto e segurança das locomoções. Além disso, o governo deve, também, priorizar delimitação de ciclovias, estabelecer rodízios de automóveis e demarcar faixas exclusivas para ônibus, a fim de impulsionar a multiplicidade do transporte, melhorar a qualidade de vida e aproximar mais as pessoas de suas atividades cotidianas. Em vista dessas melhorias em nível de mobilidade e sustentabilidade de deslocamentos, o direito de ir e vir será garantido a todos, principalmente com a inclusão da população de baixa renda aos serviços públicos essenciais.