De acordo com a Constituição Federal, todo cidadão tem direito ao transporte e à cidade. Porém, em um cenário de concentração de renda, esses direitos esbarram na segregação, na qual os menos favorecidos pagam o preço por essa separação. Afinal, a dicotomia que explica o aumento dos preços e queda da qualidade nos serviços, resume essa desarmonia, ao passo em que afasta os ideais de igualdade da Constituição. É preciso considerar, antes de tudo, a dinâmica desigual do transporte público no Brasil. Com empresários obstinando lucros e linkados aos governos, a problemática do transporte no país vai muito além da falta de infraestrutura. Nesse sentido, os seguidos reajustes de tarifas em um serviço que pouco melhora refletem um quadro problemático, principalmente, para os mais pobres, que sem acesso à outros meios tem o público como única forma de deslocamento. Assim, falta de acessibilidade, desconforto e insegurança são as principais reclamações que, na medida do possível, afastam os usuários. Logo, o sucesso de aplicativos de transporte particular como Uber evidenciam essa fuga por opções mais rentáveis. Em paralelo, a transformação do espaço movida por interesses dos mais poderosos surgem diante de uma urbanização rápida e não planejada. Uma vez que nos grandes centros estão os melhores serviços, é natural que se tenha um grande fluxo, o qual muitas cidades não estão preparadas. Assim, esse excesso de contingente ao saturar os grandes centros estimula práticas desiguais como a gentrificação - aumento dos preços em determinada área para expulsão do público de baixa renda - a fim de isolar uma cidade ou público. Prova desse isolamento é o aumento do número de condomínios, constatando essa autossegregação desejada. É notório, portanto, que diante destes desvios os direitos do cidadão devem ser zelados. Para isso, cabe ao Governo o estímulo ao uso de bicicletas por meio da criação de mais ciclofaixas estimulando, também, a prática de esportes, promovendo maior saúde social, evitando gastos com remédios. Além de evitar a segregação, promovendo maior igualdade, reduzindo qualquer isolamento formando uma sociedade mais justa e harmônica.