Título da redação:

Espaço e ordem

Tema de redação: A mobilidade urbana no Brasil

Redação enviada em 16/08/2016

Em 1956, o então presidente JK criou o plano de metas que dirigia mais de 50% dos recursos financeiros ao setor de transportes. Visto que buscava o crescimento da indústria automobilística estrangeira no Brasil, apresentou incentivos fiscais e gerou em larga escala a construção de rodovias, o que a longo prazo concentrou a rede de transportes neste modal. E embora constate-se teórico progresso, esta estrutura de saturação do rodoviarismo ainda não foi superada, seja por poucos investimentos do Estado, seja pela ausência de planejamento urbano do mesmo. Em primeiro plano, é indubitável que a aplicação financeira deficitária esteja entre as causas do problema. Apesar de a Lei de Mobilidade Urbana ter sido criada em 2012 com o objetivo de acelerar investimentos, de acordo com o professor de Planejamentos e Operações de Transporte da USP, Jaime Waiman, os investimentos em transporte estão cerca de 3 décadas atrasados. Neste sentido, torna-se complexa a tentativa de tirar das planilhas a solução deste entrave, já que esta exige grandes operações financeiras a longo prazo. Dessa forma, compreende-se que este modelo postergador deve ser erradicado. Ademais, destaca-se a insuficiente elaboração de projetos organizacionais como intensificadora desta desordem múltipla. Desde o século XIX, com o crescimento do espaço urbano no país, têm-se crido na expansão de serviços e comodidades nas cidades. Todavia, conforme destacou Cornélio Silvano Neto, especialista em Geografia Regional, a maioria das metrópoles brasileiras foram criadas e crescem sem qualquer planejamento prévio, ao contrário de algumas exceções como Brasília, fundada com fim específico de ser a capital do Brasil. Assim, nota-se a necessidade de findar este padrão histórico que tem sido mantido com o passar dos anos. Entende-se, pois, que a negligência fiscal por parte do Estado e a ineficaz preparação para as construções urbanas são os obstáculos que impedem a mobilidade urbana. Com o intuito de reverter esse panorama, a sociedade deve pressionar, por meio de manifestações, as instâncias legislativas estaduais e federais para que aprovem repasses ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil a fim de que implementem agências de desenvolvimento das estruturas ferroviárias, hidroviárias e rodoviárias. Internamente, essas agências devem buscar, ainda, a modernização administrativa que captem arquitetos, engenheiros e geógrafos de forma a organizar futuras obras. Dessa maneira, o alcance dessas ações instaurarão cidades não só bonitas, mas funcionais para o deslocamento de toda a sociedade.