Desde a década de 1930, o processo de urbanização definiu a segregação territorial no Brasil. Nesse contexto, a diferença de infraestrutura entre as regiões centrais e periféricas deu origem a políticas públicas que priorizam as primeiras. Assim, com a adesão governamental ao neoliberalismo, as multinacionais automobilísticas começaram a incitar a construção de estradas que atendessem à expansão desse mercado. Dessa forma, percebe-se que os problemas de mobilidade vivenciados hoje possuem raízes históricas, e advêm da falta de políticas urbanas que promovam a democratização do acesso à cidade, além do pouco investimento em transportes alternativos. Outrossim, segundo Eric Hobsbawn, o capitalismo só amplia a exclusão. Tal ideologia ganha destaque na questão quando é exposto que, em dez anos, a quantidade de veículos amentou 120% - conforme o IBGE. Esse incremento, além de traduzir a lógica concernente aos incentivos fiscais e ampliação das formas de pagamento, também mostra que não há investimento suficiente em transportes públicos de qualidade. O resultado disso é, indubitavelmente, o agravamento da situação espacial já existente. Destarte, a história de outras nações pode servir de exemplo para o país. Nesse sentido, pode-se citar o caso bem-sucedido da cobrança de pedágios em cidades como Londres, a qual, segundo o BNDS, conseguiu aumentar o uso de ônibus, diminuindo o número de automóveis e, consequentemente, o tráfego. Percebe-se, pois, que essa medida é benéfica, já que incentiva o uso de outros meios de locomoção e facilita a circulação. Portanto, com o fito de sanar a problemática, novas resoluções são necessárias. Para isso, o Ministério dos Transportes deve diversificar os modais já existentes, de acordo com a demanda em cada cidade, definindo a obrigatoriedade da construção de estruturas para metrôs, trens e ciclovias eficientes. Tais meios devem abranger o maior trajeto de deslocamento possível, otimizando seus usos. Às prefeituras, cabe o papel de diminuir a circulação de carros, instituindo a cobrança de taxas nos locais mais movimentados. O lucro gerado com essa ação deve ser destinado à melhora da infraestrutura urbana, melhorando o acesso a manutenção das vias. Somente assim essa deficiência histórica será suprimida, convertendo o capitalismo em fator de inclusão.