Em sua busca de “integrar para não entregar”, Juscelino Kubitschek construiu milhares de estradas no Brasil, que se tornou um país de modelo rodoviarista de transporte. Historicamente, portanto, a posse de automóveis está na cultura do brasileiro. Tal fato é notado, principalmente, nas grandes cidades, que refletem problemas de engarrafamento, transporte público e acessibilidade. Na última década, o número de veículos motorizados aumentou em mais de 138,6%, chegando a mais de 50,2 milhões de carros em 2012, segundo dados do Denetran. Este aumento foi possível com uma melhora na renda média do brasileiro e por decorrência dos créditos concedidos ao consumidor. Assim, a grande e crescente frota acarreta em congestionamentos quilométricos, que não apenas eleva os níveis de poluição locacional, mas que prejudica, consequentemente, a saúde da população, resultando em problemas como doenças respiratórias, insônia e stress. Outrossim, vale ressaltar a péssima qualidade do transporte público no Brasil. São cotidianos os panes nos metrôs, que, bem como os ônibus, estão constantemente lotados e atrasados. Ainda, a má distribuição das linhas de transporte por toda a cidade, implicando na necessidade de trabalhadores saírem de suas casas de madrugada para se deslocarem até seus empregos. Ademais, as cidades brasileiras são, usualmente, inacessíveis. De modo geral, as calçadas são pequenas, irregulares, descontínuas, não sinalizadas e, até mesmo, inexistentes. Isso, somado à ausência de piso podotátil, semáforos sonoros e veículos adaptados para deficientes físicos, ferem violentamente o direito de ir e vir, especialmente, ir e vir em segurança. Um atentado contra a lei e contra a vida. Visto isso, é perceptível a necessidade imediata de melhoria no transporte público. Dessa forma, recomenda-se que o Governo Federal subvencione mais ônibus para os centros urbanos, a fim de atender a toda a população e diminuir a frota de automóveis e, por decorrência, os índices de congestionamento e poluição. Além disso, as prefeituras devem tornar obrigatória a construção de calçadas cidadãs em tidas as obras de seu município. Com mídia e escola pregando, desde cedo, ideais de preservação ambiental, coletividade e acessibilidade, o Brasil será um país mais igualitário e seguro e, nossos direitos serão, enfim, atendidos.