Impossível desassociar a desigualdade social no Brasil com a construção histórica de sua sociedade, possuindo em seu currículo, incontáveis movimentos sufocados, que lutavam por mais liberdade e justiça social. Por ironia do destino, algumas melhorias trabalhistas só vieram no governo Vargas, tido como regime ditatorial marcado por repressão das liberdades individuais. É difícil apontar a origem do absurdo desnivelamento econômico e social entre as camadas da sociedade, mas é provável que o vácuo entre estas tem sido alimentado pela aliança entre grandes empresários e grupos políticos que visam se perpetuar no poder. Recentemente, a operação deflagrada pela Polícia Federal, intitulada de "Lava Jato", revelou por meio de delações premiadas, o grande volume de verbas ilícitas pagas por grandes empresas de renome nacional a políticos para que os mesmos financiassem suas campanhas. Foi revelado ainda, que alguns destes políticos facilitavam a aprovação de medidas provisórias que beneficiavam estas empresas. Uma troca de favores cujas partes integrantes ganham às custas do povo. A grande influências que as grandes empresas têm no cenário político, faz com que as mesmas recebam isenções fiscais e arquem com menor carga de obrigações trabalhistas. Depois do fortalecimento do neoliberalismo no país, a pobreza passou a ter uma forte sustentação ideológica, cujos disseminadores desta ideologia, são os próprios brasileiros, que acreditam num falso conceito de meritocracia, onde todos nascem com chances iguais de obter diploma na faculdade e uma profissão bem sucedida. O pobre hoje em dia, não é visto mais como aquela pessoa que foi prejudicada com a herança da pobreza, e sim, como aquela pessoa que não tem vontade de trabalhar ou não é capaz o suficiente para empreender. É esta visão, que grande parte dos maiores empresários passam, e que a população passivamente aceita. Operações como a Lava Jato precisam receber maior apoio da população, pois indiretamente combatem a desigualdade social. É previsível que com a aprovação da PEC 241, que estabelece teto para os gasto públicos para os próximos 20 anos, haja uma redução do orçamento destinado à Polícia Federal. Sendo assim, seria importante a criação de um financiamento coletivo para ajudar em operações de combate à corrupção. Iniciativas como o projeto "Sonho de Valsa", que utiliza ferramentas de inteligência artificial no combate à corrupção, também devem receber incentivo e ajuda financeira da população. O congresso poderia aprovar leis que beneficiassem o trabalhador, e além disso, abolir completamente a possibilidade da união e dos estados de darem isenções fiscais à empresas, que deixam de pagar bilhões anualmente em impostos. As escolas devem se engajar num esforço para educar a futura geração sobre as causas da pobreza e de como combatê-la, fazer seus alunos entenderem que a mesma está relacionada a muitas causas, e que estas não se aproximam do que é majoritariamente difundido pelo neoliberalismo.