Título da redação:

Mãos que se Desenham

Tema de redação: Meios para superar a desigualdade social no Brasil

Redação enviada em 26/10/2017

O artista holandês, Cornelis Escher, elaborou um desenho interessante denominado: Mãos que se Desenham. Tal obra dialoga com o atual cenário socio-econômico brasileiro, na medida em que ocorre uma retroalimentação entre riqueza e política e, assim, consolida-se um ciclo vicioso que intensifica a concentração de renda. À luz desse fato, a elite econômica, que se beneficia dessa conjuntura, desfere discursos de poder para garantir a sua atual comodidade, o que corrobora para a atual desigualdade social no Brasil. A História é pródiga quanto à institucionalização de falsos discursos de poder, os quais disseminam padrões ideológicos. Como exemplo, o discurso meritocrático objetiva legitimar as desigualdades de renda ao afirmar que aqueles que se esforçam mais têm direito a uma melhor qualidade de vida. Em alguns casos, isso de fato acontece, no entanto, cabe lembrar o filósofo iluminista Jean J. Rousseau, que reivindicava uma ''igualdade de condições'', uma vez que a elite econômica tem acesso a educação, livros e experiências que os desfavorecidos não têm e, além disso, estes não exercem uma pressão coletiva suficiente para mudar o cenário, já que o discurso meritocrático está introjetado e legitimado. Por esse prisma, denotam-se consequências nefastas no tecido social: o ciclo vicioso é cristalizado, visto que a elite consegue acumular mais riqueza, que, por sua vez, é convertida em benefícios políticos, como a flexibilização das leis trabalhistas, uma medida claramente benéfica ao topo da pirâmide social. De forma mais ampla, a democracia é afetada, uma vez que os interesses do grupo privilegiado passam a sobrepor aos dos destituídos de poderio econômico. Em síntese, o Estado, como gestor administrativo e defensor da democracia, deve promover uma reforma política que proíba empresas privadas de financiarem campanhas políticas, a fim de impedir que a retroalimentação entre política e riqueza se concretize. Ademais, a educação, por meio das escolas, deve abordar aulas que versem sobre as ideias de Rousseau, no intuito de ensinar à futura geração que o discurso meritocrático só é válido quando existe uma ''igualdade de condições''. Enfim, a elite cultural, como universitários e professores, devem formar agremiações para fornecer aulas de graça para a população carente, cujo objetivo é nivelar os jovens de diferentes classes sociais em termos intelectuais e democratizar o acesso à educação.