Antes da primeira revolução industrial, ocorrida no final do século XVIII, o lixo produzido pela população era basicamente de origem orgânica, o que favoreceu para que sua eliminação fosse realizada de forma simples e menos prejudicial para o meio ambiente. No entanto, com o desenvolvimento da tecnologia, e a adoção do sistema capitalista, a população cresceu rapidamente, desencadeando no aumento expressivo de resíduos, compostos de diferentes materiais capazes de levarem anos para se decompor, como é o caso do vidro, na qual sua decomposição total pode levar cerca de um milhão de anos. Atualmente, o consumismo tornou-se um dos principais problemas da sociedade contemporânea, em vista que cada cidadão produz em média um quilo de lixo diariamente, contribuindo para a destruição da biodiversidade e o surgimento de novas doenças. Além disso, a globalização acelerada dos países desenvolvidos, é responsável por mais da metade dos impactos ambientais causadas pelos detritos. Contudo, enquanto muitos usufruem e desperdiçam os alimentos, outra parcela da população não possui recursos básicos para a sobrevivência, semelhante ao tema retratado no curta metragem brasileiro, Ilha das Flores. Neste filme, o foco principal do cineasta Jorge Furtado é demonstrar como a economia gera relações desiguais entre o ser humano, expondo a precariedade de cidadãos que habitam um local próximo a um depósito de entulhos. Embora a coleta seletiva seja importante na manutenção do lixo, poucos municípios preocupam com o descarte correto, devido ao seu alto custo se comparado com outros métodos. Assim, é comum que os detritos sejam destinados a lixões à céu aberto, afastados da cidade, bem como o que acontece com muitos habitantes de bairros periféricos que depositam seus resíduos em locais impróprios, propiciando a proliferação de insetos e pequenos animais hospedeiros de doenças como esquistossomose, febre amarela, dengue e cisticercose. Ademais, o acúmulo de chorume é capaz de contaminar o solo e as águas subterrâneas, provocando diversos prejuízos para a natureza. Contudo, o lixo não retrata apenas problemas ambientais como também sociais, famílias que passam por problemas financeiros veem no lixo seus restos para consumo, e até mesmo sua renda para a sobrevivência. Dessa forma, fica claro como a produção exacerbada de resíduos é prejudicial tanto para o meio ambiente como para a população. Portanto, o ministério do meio ambiente deve prezar pela gestão e diálogo com a sociedade, além de criar leis que visam controlar o excesso de lixo. Além disso, as iniciativas privadas devem fomentar a pesquisa e desenvolvimento tecnológico capazes de reduzir os danos causados pelo lixo como a redução dos anos de decomposição dos materiais. Por fim,as escolas, juntamente com os cidadãos devem estimular o exercício da cidadania, e a conscientização dos indivíduos por meio de experiências transdisciplinar e ações que reduzam o consumismo. Logo, só assim será possível a construção de um mundo melhor para as futuras gerações.