A sociedade atual vive em um círculo vicioso de consumo e descarte frenético de produtos, incentivada principalmente pelas propagandas, que embutem no meio social uma vida de aparências. Em consequência disso, há aumento dos resíduos sólidos que, muitas vezes, são indevidamente descartados, causando diversos impactos ambientais. Segundo dados da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), o brasileiro produz em média 1 kg de lixo por dia. Esse número revela, portanto, a necessidade de meios para a diminuição desses dados e para o correto destino de todos esses resíduos. A modernidade trouxe consigo uma forte tendência ao lucro, o que motivou as empresas a limitarem o tempo de vida útil de seus produtos, induzindo o consumidor a comprar um novo modelo. Essa estratégia ficou conhecida como obsolescência programada e contribui para o aumento da produção de lixo nas cidades. Além disso, a regular troca de materiais, concomitantemente com o incorreto descarte deles, pode causar enchentes, levando a morte de várias pessoas e a disseminação de doenças como a dengue e a leptospirose. Os alagamentos são gerados pela redução de áreas permeáveis, ocupadas por construções urbanas e pelo aglomerado de lixo nos esgotos que, com grandes volumes de chuva, provocam acúmulo de água nessas regiões. A mais preocupante realidade brasileira é a questão dos lixões, formas inadequadas de disposição final de detritos, os quais estão presentes em mais de 50% dos municípios. Segundo levantamento feito pelo IBGE, em 2008, ainda havia pouco mais de 2900 vazadouros em atividade. O maior problema desses lixões a céu aberto é o chorume, líquido poluente resultante do processo de putrefação da matéria orgânica, que contamina os lençóis freáticos. Os aterros sanitários, correta técnica de descarte, ocorrem em uma área preparada para esse fim, impermeabilizando o solo com manta de PVC, exige amplo espaço, portanto, demandam maiores recursos financeiros, por isso estão presentes em apenas 27% das cidades do país. Dessa forma, o Idec (Instituto brasileiro de Defesa do Consumidor) deve, a exemplo da França, intensificar as leis a respeito do ciclo útil dos produtos, multando as empresas que estiverem praticando a obsolescência programada. Para solucionar o problema das enchentes, é necessário que o Governo Federal assegure a manutenção dos bueiros públicos e construa reservatórios subterrâneos. Seria interessante também o uso de pavimentação permeável, possibilitando que a água infiltre e não acumule. Ademais, é preciso que os sistemas públicos de planejamento procurem incorporar nos municípios aterros sanitários e que a Política Nacional de Resíduos Sólidos, por meio de multas, incentive a extinção dos lixões e alternativas mais sustentáveis para o tratamento desses detritos, como a compostagem e a reciclagem, por exemplo.