Devido à crescente cultura do consumismo, a população descarta mais resíduos do que em qualquer outro período da história. Nesse contexto, o Brasil se encontra numa situação em que produz uma quantidade de lixo equivalente à dos países desenvolvidos, mas os descarta como fazem os países pobres. Assim, se faz necessária uma análise sobre essa situação com o intuito de combater o excesso desses detritos, bem como planejar seu fim adequado. É válido mencionar que, apesar da instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos, ainda existem vários lixões a céu aberto. Isso se deve, em parte, à falta de planejamento para a reutilização dos detritos, que não são devidamente separados e consequentemente seu aproveitamento é dificultado. Para ilustrar essa precariedade, dados do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) mostram que 82% dos municípios ainda não possuem programas de coleta seletiva. Outro ponto que merece destaque é o fato de que mais da metade da quantidade de lixo eliminado é orgânico. Sob essa ótica, percebe-se que a sociedade não usufrui dos benefícios que podem ser adquiridos através de processos como a compostagem, que gera adubos. Além disso, há ainda os impactos negativos que ele causa se não for descartado adequadamente, pois produz chorume e atrai animais vetores de diversas doenças, problema presente nos lixões que não são controlados. Fica evidente, portanto, que mudanças são necessárias para regular a enorme produção de lixo no Brasil. Para isso, mais prefeituras municipais devem implementar a coleta seletiva, de modo que uma maior parte do entulho possa ser devidamente aproveitada. Somado a isso, o poder público deve oferecer incentivos fiscais para as empresas que utilizam matéria reciclada, pois assim elas também se engajarão nesse projeto. Por sua parte, as empresas ligadas ao setor agrário podem instaurar pontos de recolhimento de lixo orgânico mediante pagamento aos cidadãos, assim ambas as partes terão seus interesses contemplados. Ademais, com essas medidas, a célebre frase de Lavoisier, "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", poderá finalmente estar relacionada ao tratamento dos resíduos descartados.